Lula veste lenço palestino com a frase: "Jerusalém é nossa"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vestiu em 9 de agosto de 2024 um lenço palestino, chamado “keffiyeh”, no qual estava escrito, em árabe: “Jerusalém é nossa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vestiu em 9 de agosto de 2024 um lenço palestino, chamado “keffiyeh”, no qual estava escrito, em árabe: “Jerusalém é nossa. Nós estamos chegando”.
A frase é usada para defender a tomada de controle da cidade por palestinos. Desde 1967, Jerusalém é controlada por israelenses. Antes, a parcela oriental era administrada pela Jordânia.
Grupos extremistas, como o Hamas, em guerra com Israel na Faixa de Gaza, usam a frase como forma de pedir a extinção do Estado israelense.
Movimentos palestinos dizem que a frase reflete seu “legítimo desejo de voltar” a Jerusalém. Não falam explicitamente sobre a expulsão de judeus.
Entre os israelenses, a frase é vista como apologia a atos de violência contra o seu país. Israel considera Jerusalém indivisível e estabeleceu sedes governamentais, como a Suprema Corte israelense, o Knesset (Parlamento do país) e o Beit HaNassi –residência oficial do presidente de Israel.
A imagem de Lula com o lenço foi registrada em visita a Santa Catarina. O presidente encontrou-se com representantes do Comitê Catarinense Khader Mahmud Ahmad Othman, que apoia a causa palestina.
A imagem não foi publicada nas redes do presidente, só no perfil do Instagram do comitê, em 23 de agosto.
O Poder360 procurou o Planalto para perguntar se gostaria de se manifestar a respeito do tema. A assessoria disse que não se manifestaria.
Além do lenço, Lula recebeu de presente do grupo uma placa com o mapa da região que compreende Israel e Palestina sem fronteiras entre os países.


Segundo o cientista político André Lajst, CEO da ONG Stand With Us Brasil, cuja proposta é educar sobre Israel e o conflito, essa frase é parte do discurso de ódio contra judeus.
“Ou o presidente ignora essa frase, que é racista e de ódio e que desconsidera a legitimidade do povo judeu à região, ou ele é muito mal assessorado“, disse Lajst.
O Poder360 procurou o comitê palestino de Santa Catarina e questionou o motivo da entrega do presente e como o grupo interpreta a frase. Eis a íntegra da resposta, enviada por escrito:
“Nossa luta é justa e nobre. Uma luta de mais 76 anos contra um regime opressor, colonialista e genocida. Jerusalém já existia muito antes da criação do estado sionista de Israel em 1948. Os palestinos têm direito a retornar a sagrada Jerusalém, baseado em fatos. A tradução escrita na keffiyeh palestina ‘Jerusalém é nossa’ e ‘voltaremos ou estamos voltando’ refere-se ao sublime e legítimo desejo do povo palestino em regressar às suas terras.
“Refere-se ao sentimento de milhões de palestinos refugiados da diáspora de exercer seu direito que é negado unilateralmente e ilegalmente pelo estado sionista. Quais outras palavras poderiam definir o sentimento de um povo que está sendo injustamente massacrado há tantas décadas? Um povo vítima de uma expulsão arbitrária e ilegal? Vítima do racismo, apartheid e assassinato em massa? ‘Jerusalém é nossa’, ‘voltaremos’, é o reconhecimento da nossa causa para os que conhecem a história e para os que nutrem o sentimento digno de todo ser humano.“