EUA e maioria dos países da UE boicotam posse de Putin por guerra na Ucrânia

Os Estados Unidos e a maioria dos países da União Europeia vão boicotar a cerimônia do Kremlin para empossar Vladimir Putin para um novo mandato de seis anos como presidente na terça-feira (7).

Foto: CNN Brasil

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Os Estados Unidos e a maioria dos países da União Europeia vão boicotar a cerimônia do Kremlin para empossar Vladimir Putin para um novo mandato de seis anos como presidente na terça-feira (7). A expectativa é que a França e alguns outros países da UE enviem um representante, apesar dos apelos de Kiev.

A resposta diplomática variada das potências ocidentais destacou as diferenças sobre como lidar com o presidente russo, mais de dois anos depois que ele lançou uma invasão em grande escala à Ucrânia.

“Não, não teremos um representante em sua posse”, disse Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado americano. “Certamente não consideramos essa eleição livre e justa, mas ele é o presidente da Rússia e vai continuar nessa capacidade.

Reino Unido e Canadá disseram que não enviarão ninguém para participar da cerimônia, que ocorre um dia após a Rússia anunciar na segunda-feira (6) que realizará exercícios com armas nucleares táticas na esperança de acalmar os “cabeças-quentes” no Ocidente.

Putin obteve uma vitória esmagadora em uma eleição presidencial em março, poucas semanas depois que seu oponente mais proeminente, Alexei Navalny, morreu na prisão. Os governos ocidentais condenaram a reeleição e a classificaram como injusta e antidemocrática.

“A Ucrânia não vê base legal para reconhecê-lo como o presidente democraticamente eleito e legítimo da Federação Russa”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia em um comunicado.

A cerimônia de posse de terça-feira, disse, busca criar “a ilusão de legalidade para a permanência quase vitalícia no poder de uma pessoa que transformou a Federação Russa em um estado agressor e o regime governante em uma ditadura.”

Um alto funcionário do Kremlin disse que os chefes de todas as missões diplomáticas estrangeiras em Moscou foram convidados a participar da inauguração de Putin, informou a agência de notícias Interfax.

Um porta-voz da União Europeia disse que o embaixador do bloco na Rússia não participará da cerimônia, de acordo com a posição da maioria dos estados membros do bloco.

Um diplomata europeu disse que 20 estados-membros da UE boicotariam o evento, mas que outros sete devem enviar um representante. Além da França, a Hungria e a Eslováquia devem comparecer, disseram duas fontes diplomáticas.

O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha disse que não compareceria.

Sem desejo de mudança de regime

Destacando as divisões sobre como lidar com a Rússia, uma fonte diplomática de Paris informou que a França será representada por seu embaixador na Rússia.

Falando ao lado do presidente da China na segunda-feira, o presidente francês Emmanuel Macron disse: “não estamos em guerra com a Rússia ou com o povo russo, e não temos nenhum desejo de mudança de regime em Moscou.”

A fonte disse que a França já havia condenado anteriormente o contexto de repressão em que as eleições foram realizadas, privando eleitores de uma escolha real, bem como a organização de eleições em territórios ucranianos ocupados pela Rússia, o que a França considera uma violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas.

As relações franco-russas se deterioraram nos últimos meses, à medida que Paris aumentou seu apoio à Ucrânia.

Na semana passada, Macron não descartou o envio de tropas para a Ucrânia, dizendo que se a Rússia rompesse as linhas de frente ucranianas, seria legítimo considerar isso se Kiev pedisse o apoio.

Os estados bálticos, que não têm mais representantes em Moscou, descartaram categoricamente a participação na posse.

“Acreditamos que o isolamento da Rússia, e especialmente de seu líder criminoso, deve ser continuado”, disse o ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis.

“A participação na posse de Putin não é aceitável para a Lituânia. A nossa prioridade continua sendo o apoio à Ucrânia e ao seu povo que lutam contra a agressão russa.”