Lula pede voto para Boulos em evento pago pela Petrobras

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu votos para o pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (Psol) durante evento em comemoração ao Dia do Trabalho, realizado nesta 4ª feira (1º.

Foto: O Antagonista

Foto: O Antagonista

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu votos para o pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (Psol) durante evento em comemoração ao Dia do Trabalho, realizado nesta 4ª feira (1º.mai.2024), em São Paulo, e com patrocínio da Petrobras, o que pode configurar crime eleitoral (leia mais abaixo). O atual mandatário do país disse que quem votou nele "tem que votar no Boulos".

Lula e o deputado federal por São Paulo e líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) dividiram palco no evento com as centrais sindicais na Arena Neo Química, estádio do Corinthians, na zona leste da capital paulista.

Assista ao momento em que Lula pede votos para Boulos (2m12s):

Eis a fala completa de Lula:

"Só queria dizer para vocês o seguinte: esse rapaz, esse jovem, ele está disputando uma verdadeira guerra aqui em São Paulo. Ele está disputando com o nosso adversário nacional, ele está disputando contra o nosso adversário estadual, ele está disputando contra o nosso adversário municipal. Está enfrentando 3 adversários. Ninguém derrotará esse moço aqui se vocês votarem no Boulos para prefeito de São Paulo nas próximas eleições. Vou fazer um apelo: cada pessoa que votou no Lula em 1989, em 1994, em 1996, em 2006, em 2010, em 2022, tem que votar no Boulos para prefeito de São Paulo".

O ato das centrais sindicais foi patrocinado pela Petrobras, empresa estatal com ações listadas na bolsa. O Poder360 apurou que o desembolso com o evento das centrais foi de aproximadamente R$ 3 milhões. No ano passado, a estatal também bancou o evento no Dia do Trabalho.

O Conselho Nacional do Sesi (Serviço Social da Indústria) também patrocinou o ato do 1º de Maio, mas não informou o valor do seu patrocínio nem comentou a fala de Lula depois de ser procurado pela reportagem deste jornal digital. Informou via assessoria de imprensa que não apoia eventos político-partidários.

"O Conselho Nacional do Sesi não apoia eventos políticos partidários. O evento que o Conselho do Sesi apoiou foi o Ato do 1º de Maio unificado das centrais sindicais do país. Evento destinado a celebrar a luta e a organização dos trabalhadores e trabalhadoras", disse em nota.

Copyright Reprodução/Facebook Festival Cultura e Direitos Banner do evento que contou com a participação de Lula, Boulos e ministros mostra o patrocínio da Petrobras

CRIME ELEITORAL

Pedir votos para um pré-candidato em evento bancado por uma estatal pode configurar crime eleitoral. Segundo o advogado especializado em legislação de eleições e ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Admar Gonzaga, a legislação é clara sobre o tema. Sua incidência pode levar, inclusive, à perda do registro da candidatura.

"O candidato não pode colocar outdoor e não pode, por óbvio, usar um palanque patrocinado por uma empresa, que é impedida de fazer doações para campanha eleitoral, para fazer uma manifestação pedindo votos. É uma conduta grave", disse ao Poder360.

Admar foi ministro do TSE de 2017 a 2019. Ao avaliar o caso, disse que a jurisprudência do TSE tem sido no sentido de punir ações como essa.

"Algumas decisões que vemos, estão fazendo com que pessoas tenham uma percepção de impunidade, que a lei é para alcançar os outros. É um objeto claro de ação de investigação de cunho eleitoral que pode culminar no impedimento do candidato beneficiado", disse.

Copyright Reprodução Telão de evento em que Lula pediu votos para Boulos mostra propaganda da Petrobras