Waack: caminho da alta do dólar passa pela confiança no Brasil

Preparar o bolo da análise sobre a subida do dólar é como tentar separar os ingredientes já misturados no resultado final.

Foto: Valor Econômico

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Preparar o bolo da análise sobre a subida do dólar é como tentar separar os ingredientes já misturados no resultado final.

O ministro da Fazenda atribui grande parte da receita que levou a esse aumento à influência de fatores externos, como geopolítica e os altos juros nos Estados Unidos.

Essa posição sugere que a culpa não recai sobre o governo e sua política fiscal, apesar do recente abandono da meta de superávit para o próximo ano, apresentada ao Congresso.

Embora esses fatores isoladamente talvez não justifiquem totalmente a escalada do dólar, o problema reside na combinação de todos eles.

O arcabouço fiscal do país atingiu rapidamente seus limites para conter o crescimento das despesas, sendo infringido não apenas pelo Executivo, mas também pelo Legislativo, especialmente em ano eleitoral.

Contenção de despesas em tal contexto político parece ser um milagre improvável na política brasileira.

Além disso, o próprio governo reconhece que a capacidade de arrecadação de receitas atingiu seu limite, indicando que uma política econômica centrada em alta arrecadação e cortes de gastos insuficientes está se esgotando.

Isso diminui as esperanças de uma queda mais rápida nas taxas de juros, deixando um gosto amargo nos agentes econômicos diante desse “bolo” econômico.