Mais de 800 civis alauítas foram mortos em confrontos na Síria, revela ONG
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) informou, neste domingo, que pelo menos 1.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) informou, neste domingo, que pelo menos 1.311 pessoas morreram nos últimos três dias na costa da Síria, em meio a confrontos entre forças de segurança sírias, grupos aliados e combatentes leais ao ex-ditador Bashar al-Assad.
De acordo com o OSDH, 830 civis alauítas foram executados no que foi descrito como “a maior vingança coletiva na costa e na serra”, enquanto 481 pessoas pertenciam às forças de segurança ou eram combatentes leais ao clã Al-Assad.
“830 cidadãos liquidados e executados na maior vingança coletiva na costa e na serra e o número total chega a 1.311 em 72 horas”, afirmou o texto da ONG, com sede no Reino Unido, mas com uma importante rede de colaboradores no terreno, sendo considerada uma fonte confiável há anos.
O presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, fez um apelo por “paz civil” e anunciou a formação de um comitê “independente” para investigar o massacre ocorrido na costa mediterrânea do país.
Em um discurso realizado em uma mesquita de Damasco, Al-Sharaa pediu calma e afirmou que a crise atual é um “desafio esperado”. “Precisamos proteger a unidade nacional e a paz civil”, disse, referindo-se à violência registrada na costa e na serra.
Comitê de investigação e prazo de um mês para esclarecer os fatos
O presidente interino anunciou a criação de um comitê de investigação composto por cinco juízes, um general de brigada e um advogado, conforme comunicado da Presidência. Este comitê tem 30 dias para apresentar um relatório com as causas e circunstâncias dos fatos, além de identificar os responsáveis pelos "crimes e violações contra civis".
O comunicado estabelece que aqueles encontrados culpados serão encaminhados para a justiça. Além disso, o governo pediu a cooperação de todos os órgãos estatais com a investigação.
Esse comitê se soma a outra instância criada pelo Ministério da Defesa, que visa levar a julgamento militar os infratores envolvidos nas operações na costa síria.
Confrontos e balanço de vítimas
O OSDH informou que os combates começaram na quinta-feira, quando grupos insurgentes leais a Al-Assad atacaram posições da nova administração na província de Latakia, reduto da família do ex-presidente e de maioria alauíta.
O ataque desencadeou confrontos de grande escala, com o uso de armas pesadas, estendendo-se a outras províncias costeiras, como Tartus, e a áreas do centro do país, como Hama e Homs.
Rami Makhlouf, primo do ex-ditador Bashar al-Assad, culpou neste domingo o antigo regime e os grupos leais a ele por “traficarem com o sangue dos alauítas” após uma onda de violência nas regiões costeiras do país. O enfrentamento, que deixou um saldo de vítimas entre a minoria alauíta em Latakia, foi descrito por Makhlouf como uma “horrível masacre”.
As declarações de Makhlouf, que marcam sua primeira reação pública desde a queda do regime em 8 de dezembro, foram especialmente críticas ao seu primo Bashar al-Assad e a Maher al-Assad, outro membro da família que comandava a Quarta Divisão do Exército Sírio, uma das unidades mais poderosas e repressivas sob o antigo regime. Makhlouf acusou ambos de iniciar um “movimento estúpido” nas províncias costeiras, com a participação de grupos armados leais a eles.
O Ministério da Defesa sírio declarou que a situação nas províncias ocidentais está “sob controle” e que as forças de segurança iniciaram uma “segunda fase” de operações para perseguir os “remanentes e oficiais do regime derrubado”.
O porta-voz do Ministério, Hasán Abdulghani, assegurou que “a estabilidade foi restabelecida” na costa após quatro dias de violência. A agência oficial SANA informou que a cidade de Jableh, nos arredores de Latakia, retomou sua atividade normal após a expulsão de grupos vinculados ao antigo regime e o restabelecimento da segurança.
(Com informações da AFP e EFE)