Macron: "Se Putin não for derrotado na Ucrânia, avançará para Moldávia e, possivelmente, Romênia"
O presidente francês, Emmanuel Macron, fez um apelo à calma e à unidade entre os aliados, após o confronto entre Volodymyr Zelensky e Donald Trump, e alertou sobre os riscos de uma fragmentação interna que poderia resultar na vitória da Rússia.
O presidente francês, Emmanuel Macron, fez um apelo à calma e à unidade entre os aliados, após o confronto entre Volodymyr Zelensky e Donald Trump, e alertou sobre os riscos de uma fragmentação interna que poderia resultar na vitória da Rússia.
Em uma entrevista concedida aos meios de comunicação Le Parisien, Tribune Dimanche e Le Journal du Dimanche, o presidente pediu aos aliados — especialmente aos Estados Unidos — que mantivessem "a calma" e o "respeito" neste momento, pois "nossa segurança está em jogo" e um frente ocidental frágil pode beneficiar o Kremlin.
"Todos devem voltar à calma, ao respeito e ao entendimento, para que possamos alcançar progressos concretos, pois o que está em jogo é demasiado importante", afirmou Macron.
Ele alertou ainda que "temos uma Rússia sobrearmada e agressiva nas nossas fronteiras", que "realiza ações terroristas e campanhas massivas de desinformação" e que, se não for derrotada, avançará em suas ambições expansionistas.
Putin "passará pela Moldávia e, talvez mais além, pela Romênia", afirmou o presidente, destacando a importância de obter uma "paz com garantias" para a Ucrânia.
Macron também enfatizou que é crucial insistir nesse ponto, mesmo com as "ambições" de Trump sendo, neste momento, "completamente opostas".
"Não tenho dúvida de que o destino claro dos americanos é estar ao lado dos ucranianos. O que os Estados Unidos têm feito nos últimos três anos é totalmente coerente com sua tradição diplomática e militar. Quero que os americanos entendam que se afastar da Ucrânia não é do interesse deles", disse com confiança.
Além disso, afirmou que manter trocas acaloradas, como a de sexta-feira, no Salão Oval, é útil para abordar questões "estratégicas e esclarecer mal-entendidos", embora tenha considerado que é melhor fazer isso em privado, "não na frente de testemunhas".
Ao comentar sobre o papel de Washington na guerra, Macron destacou, no entanto, o papel crucial da Europa, que, inclusive, discutirá no próximo dia 6 de março mecanismos para avançar na construção de uma arquitetura comum de defesa.
"O objetivo da reunião do Conselho Europeu Extraordinário é aumentar o apoio à Ucrânia e dar à Comissão Europeia um mandato para iniciar uma grande financiamento o mais rápido possível, porque nossa segurança está em jogo", disse.
"Ainda temos a vantagem, ainda temos os meios para que este salto estratégico europeu seja um sucesso", acrescentou, insistindo na necessidade de alcançar uma independência do vínculo transatlântico no que diz respeito à segurança.
Sobre a capacidade nuclear, da qual apenas a França é detentora dentro da União Europeia, Macron destacou que será considerada a possibilidade de um debate sobre dissuasão compartilhada.
"Temos um escudo, eles não, e já não podem depender da dissuasão nuclear americana. Precisamos de um diálogo estratégico com quem não o tem. Isso tornaria a França mais forte", apontou.
As palavras de Macron vieram após, após o confronto de sexta-feira, ele ter conversado separadamente com seu homólogo ucraniano e com o presidente dos EUA.
Embora o conteúdo exato das conversas seja desconhecido, pouco depois, o presidente francês insistiu na necessidade de incluir Kiev nas negociações para um cessar-fogo, afirmando que "não há paz que possa afetar a Ucrânia sem os ucranianos". "Precisamos oferecer-lhes garantias de segurança duradouras", disse.
(Com informações da EFE)