Membros da diplomacia brasileira confirmam que o Itamaraty consultou Moraes antes de publicar nota contra o governo americano

Ministro Alexandre de Moraes | Imagem por Rosinei Coutinho/STFBRASÍLIA, 28 de fevereiro — Fontes do Itamaraty confirmam que assessores do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, consultaram diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante a elaboração da nota do governo brasileiro que criticou as declarações do governo americano sobre decisões do ministro Moraes, classificadas como "incompatíveis com os valores democráticos".

Membros da diplomacia brasileira confirmam que o Itamaraty consultou Moraes antes de publicar nota contra o governo americano
Ministro Alexandre de Moraes | Imagem por Rosinei Coutinho/STF

BRASÍLIA, 28 de fevereiro — Fontes do Itamaraty confirmam que assessores do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, consultaram diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante a elaboração da nota do governo brasileiro que criticou as declarações do governo americano sobre decisões do ministro Moraes, classificadas como "incompatíveis com os valores democráticos".

Na última quarta-feira (26), o Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, órgão do Departamento de Estado americano, citou o Brasil em uma postagem oficial que criticava as multas e as ordens de bloqueio de conteúdo emitidas por Alexandre de Moraes.

A nota pública americana, que foi republicada pela conta oficial da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, aborda indiretamente o bloqueio da plataforma de vídeos americana Rumble, que opera de forma semelhante ao YouTube, da Google, ocorrido em 21 de fevereiro por determinação do ministro Moraes.

A decisão pelo bloqueio foi tomada após a empresa descumprir uma ordem judicial que determinava o bloqueio de contas de usuários e o pagamento de multas, com o Supremo acusando a plataforma de "disseminar discursos de ódio e atacar a democracia".

"O respeito pela soberania é uma via de mão dupla com todos os parceiros dos EUA, incluindo o Brasil. Bloquear o acesso à informação e impor multas em empresas baseadas nos EUA por se recusarem a censurar pessoas que vivem nos Estados Unidos é incompatível com os valores democráticos, incluindo a liberdade de expressão." -Departamento de Estado americano

Em nota de resposta, o Brasil expressou "surpresa" com a declaração do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, órgão do Departamento de Estado americano, e afirmou que a manifestação americana "distorce o sentido das decisões do Supremo Tribunal Federal". O governo brasileiro reiterou que "rejeita, com firmeza, qualquer tentativa de politizar decisões judiciais" e destacou que "o Estado brasileiro e suas instituições republicanas foram alvo de uma orquestração antidemocrática, baseada em desinformação em massa disseminada por mídias sociais", que culminou em uma "tentativa de golpe".

Nota do governo brasileiro

A nota brasileira foi coordenada por Celso Amorim, assessor presidencial e chanceler de fato do Brasil, apesar de não ocupar formalmente o cargo de ministro das Relações Exteriores. Seu tom deliberadamente duro foi aprovado por Lula antes da publicação.

O governo americano ainda não respondeu à nota do Itamaraty, mas a diplomacia técnica brasileira, que só publicou a resposta após ser vencida pela ala política, teme que a reação também venha do campo político, com o presidente Trump se manifestando publicamente sobre o caso.

Elon Musk, que atualmente exerce informalmente a função de conselheiro presidencial no novo governo de Donald Trump, sem qualquer registro oficial, e é associado a uma liderança não oficial do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), respondeu há cerca de 12 horas à postagem do Departamento de Estado sobre o Brasil com emojis que simbolizam apoio e força.

Donald Trump, junto com o CEO da META, Mark Zuckerberg, já deixou claro que o novo governo americano enfrentaria qualquer governo estrangeiro que estivesse pressionando empresas americanas a abandonar os padrões tradicionais de controle de conteúdo e a adotar práticas de censura de materiais que não sejam considerados criminosos nos EUA.

Se Trump realmente decidir entrar na briga, como já ocorreu em casos envolvendo empresas de tecnologia, o governo americano poderá adotar uma série de medidas diplomáticas e econômicas para proteger os interesses das empresas dos EUA, caso interprete que uma delas foi alvo de perseguição ilegal no mercado de outro país.

Isso pode envolver desde a pressão diplomática, com o objetivo de resolver o conflito por meio de negociações com o governo estrangeiro, até a imposição de sanções econômicas, como tarifas ou restrições comerciais, o que geraria uma pressão interna INSUSTENTÁVEL no atual contexto brasileiro. O governo também pode adotar ações legais, como levar o caso a tribunais internacionais ou oferecer apoio jurídico às empresas afetadas, patrocinando processos ou fornecendo recursos legais.


(Matéria em atualização)