Tensão política na Previ pode impactar outros fundos, dizem especialistas

Uma eventual escalada da tensão política sobre o caso Previ deve afetar a imagem de outros fundos de pensão ligados à administração governamental, segundo especialistas ouvidos pela CNN.

Foto: CNN Brasil

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Uma eventual escalada da tensão política sobre o caso Previ deve afetar a imagem de outros fundos de pensão ligados à administração governamental, segundo especialistas ouvidos pela CNN.

Em um primeiro momento, a gestão dos outros fundos não deve ser impactada a médio e longo prazos, mas o escrutínio público passa a aumentar a medida em que o Tribunal de Contas da União (TCU) apura indícios de má gestão ou de irregularidades.

“Temos que esperar a solução técnica, mas, se houver indícios de irregularidades, vai aumentar a tensão política sobre a Previ. É o maior fundo de pensão do Brasil e isso [essa tensão] tende a se alastrar para outros fundos de pensão ligados à administração governamental, como Petros e Funcef. A tendência é ter novas auditorias”, afirmou Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec.

Braga ressaltou que cargos de direção em fundos de pensão com participação do Estado, direta ou indiretamente, sempre estiveram sob os holofotes.

O desenrolar da investigação sobre o rombo de R$ 14 bilhões do Plano 1 da Previ ganha peso a partir dos questionamentos sobre a indicação de gestores, que passa a ter um debate político sobre a capacidade de gerência dos indicados para tomar decisões técnicas.

“A gestão deve ser essencialmente técnica, mas o que existe, na verdade, é a discussão sobre a alocação dos recursos. Pode-se argumentar se o fundo vai comprar ações das empresas A ou B em razão dos interesses governamentais, mas a decisão final tem que ser boa, independentemente da escolha a partir desses interesses”, destacou.

O head de Previdência e Seguridade da Valor Investimentos, Cássio Landes, disse acreditar em uma fiscalização maior nos fundos de pensão caso haja outras alocações consideradas de alto risco, com boa parte em um único ativo ou em ativos de renda variável.

“Além da questão técnica, de uma rentabilidade abaixo e uma gestão conflituosa, existe um cenário político criado recentemente que pode acabar apontando um dedo para a ligação desse caso ao governo”, afirmou.

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