Falas de Lula sobre Israel exprimem "profunda indignação", diz Vieira

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse nesta 5ª feira (14.

Falas de Lula sobre Israel exprimem
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Vieira compareceu à sessão da Comissão de Relações Exteriores do Senado para responder aos questionamentos de senadores sobre a posição brasileira no conflito entre Tel Aviv e o grupo extremista palestino Hamas. O encontro foi convocado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) depois que as falas de Lula engataram uma crise diplomática com Israel.

“A posição do Brasil é em favor do diálogo e das negociações que conduzam à solução de 2 Estados, com a Palestina e Israel convivendo em paz e em segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas”, disse à comissão.

O ministro também condenou as falas do ministro de Relações Exteriores de Israel, Israel Katz. No X (ex-Twitter), Katz descreveu as declarações do presidente brasileiro como "um cuspe no rosto dos judeus brasileiros".

“Lamento que a chancelaria de Israel tenha se dirigido de uma forma tão desrespeitosa a um chefe de Estado de um país amigo, o presidente Lula, que foi o 1º presidente brasileiro a visitar Israel oficialmente, em março de 2010”, disse.

Vieira ainda mencionou o episódio em que Katz levou o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, ao Museu do Holocausto. Na ocasião, o ministro israelense declarou Lula “persona non grata” (que não é bem-vinda) durante discurso inteiramente em hebraico, sem tradução para Meyer. A ocasião foi classificada como “indecorosa e descabida” pelo chefe do Itamaraty.

“Reputo igualmente lamentável o tratamento indecoroso e descabido dado ao embaixador de Israel no Brasil, Frederico Meyer, que atendeu de boa fé a uma convocação da chancelaria israelense. São páginas que desabonam a pratica diplomática internacional […] O governo israelense foi informado de que o Brasil reagirá com diplomacia, sempre, mas com toda firmeza contra qualquer ataque que receber, agora e sempre”, declarou.

PUNIÇÃO COLETIVA

Ao longo de sua fala à comissão, Vieira também criticou o que chamou de “reação desproporcional” das Forças de Defesa de Israel na Faixa de Gaza. Disse que as ações do governo de Benjamin Netanyahu não miram mais uma resposta para o Hamas, mas a “punição coletiva” do povo palestino.

“Israel tem o direito de defender a sua população, mas isso tem que ser feito dentro das regras do direito internacional. A cada dia que passa, no entanto, resta claro que a reação de Israel tem sido extremamente desproporcional. Não tem como alvo apenas os responsáveis pelo ataque [de 7 de outubro], mas todo o povo palestino. Trata-se de punição coletiva”, afirmou o ministro.

Em seu discurso, Vieira afirmou que é preciso condenar a “atrocidade” dos ataques do grupo extremista no sul de Israel em outubro de 2023. Disse que, desde o início dos conflitos, o governo de Lula e o Itamaraty repudiaram as ações “terroristas” do Hamas. No entanto, declarou que o avanço israelense sobre o território ocupado por palestinos é “inaceitável” e apenas “aprofunda as tragédias em curso”.

“Temos ouvido declarações cada vez mais recorrentes de altas autoridades do atual governo de Israel que passaram a falar abertamente sobre a ocupação de Gaza, com o deslocamento forçado de sua população, e que jamais aceitarão a constituição de um estado palestino”, afirmou o chanceler.