IFI projeta rombo menor, mas crava descumprimento da meta em 2024

A IFI (Instituição Fiscal Independente do Senado) reduziu a projeção do deficit primário em 2024 de R$ 94,5 bilhões para R$ 75 bilhões.

Foto: edup.ecowas.int

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A IFI (Instituição Fiscal Independente do Senado) reduziu a projeção do deficit primário em 2024 de R$ 94,5 bilhões para R$ 75 bilhões. A estimativa equivale a 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto).

Dessa quantia, créditos especiais de cerca de R$ 18 bilhões abertos para atender a calamidade no Rio Grande do Sul estão fora da meta fiscal. Nas contas da IFI, o governo terá um rombo de R$ 57 bilhões (ou 0,5% do PIB) mesmo com esses gastos excepcionalizados, e não conseguirá cumprir o objetivo fiscal, que permite deficit de até 0,25% no limite: em valores, o limite é de R$ 28,8 bilhões.

Os apontamentos estão no relatório de acompanhamento fiscal de junho. Eis a íntegra do documento (PDF – 2 MB).

“As metas de resultado primário não são atingidas no curto prazo, mesmo com o contingenciamento de despesas primárias de acordo com as regras fiscais vigentes”, afirma a IFI.

A instituição cita ainda "incertezas" sobre as despesas discricionárias que devem ser contingenciadas. O relatório mostra que o "ritmo de crescimento das despesas obrigatórias torna o regime fiscal insustentável no médio prazo".

PIB e Selic

A entidade manteve a projeção de crescimento do PIB em 2,0% para 2024 e em 1,9% para 2025. Afirma que o resultado do 1º trimestre "superou ligeiramente as expectativas".

De acordo com a IFI, a estimativa de elevação do PIB no médio prazo passa de 2,0% para 2,2% e a melhora dessa perspectiva se dá por "efeito da implementação da reforma tributária".

Para a Selic, a taxa básica de juros, a projeção subiu de 9,5% para 10,5% ao ano no fim de 2024 e de 8,5% para 9,5% ao ano em 2025. A IFI justificou que a mudança de cenário se deu por estes fatores:

  • mudança de postura do Comitê de Política Monetária, que interrompeu o movimento e queda da Selic;
  • manutenção da rigidez da política monetária americana; e
  • incertezas em relação à evolução do quadro fiscal brasileiro.

Dívida bruta

A Instituição aponta que a dívida bruta terá uma "trajetória crescente". Espera, no entanto, que alcance 78,0% do PIB no fim de 2024 –antes, projetava 78,2%.

Para 2033, a IFI estima uma elevação de 98,6% do PIB. Na perspectiva da Instituição, haverá uma aceleração no crescimento –antes era previsto de 92,7%.

A dívida deve atingir 100,6% em relação ao PIB em 2034, segundo as projeções.