Ministro do STF não descarta que Lava Jato possa ter atuado a serviço da CIA

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou que aquilo que ele supunha que seriam apenas teorias conspiratórias das ligações realizadas pela operação Lava Jato com organismos e empresas dos Estados Unidos da América (EUA), "hoje eu já não sei se são" apenas teorias conspiratórias.

Ministro do STF não descarta que Lava Jato possa ter atuado a serviço da CIA

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou que aquilo que ele supunha que seriam apenas teorias conspiratórias das ligações realizadas pela operação Lava Jato com organismos e empresas dos Estados Unidos da América (EUA), "hoje eu já não sei se são" apenas teorias conspiratórias. As declarações foram feitas em entrevista ao o portal RDMNews.

A frase foi dita quando contava sobre a visita do senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) – ex-juiz federal responsável pela Lava Jato e ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública do governo Bolsonaro, nas vésperas do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o livrou da cassação pelo uso de recursos do fundo eleitoral para realizar pagamentos particulares.

Gilmar Mendes passou a colocar o ex-juiz como suspeito de ter sido um agente da "Central Intelligence Agency" (CIA) do governo dos Estados Unidos da América (EUA), ou dos interesses de empresas norte-americanas, após algumas diversas informações coincidirem com a contratação dele por uma das maiores empresas daquele país, a Alvarez & Marsal, logo após a saída dele do governo do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) em abril de 2020.

"Aí tem teorias conspiratórias, que eu imaginava que seria teoria conspiratória, mas hoje eu já não sei se são. Talvez sejam muito factíveis. (…) Esse caso é de corrupção?", perguntou o ministro da Suprema Corte ao senador paranaense quando do encontro.

Na entrevista, o ministro decano da Suprema Corte fez ainda diversas outras análises, avaliações e ponderações ao histórico da operação Lava Jato, assim como falou também do crescimento da extrema-direita na Europa, uma possível volta ao poder nos Estados Unidos do ex-presidente Donald Trump, a estratégia adotada pelo presidente da França, Emmanuel Macron, de antecipar as eleições parlamentares na tentativa de evitar que o partido antimigração de Marie Le Pen chegue ao governo daquele país. "A minha própria visão é de que a União Europeia é uma conquista tão importante, que vai subsistir"

Além de destacar a possibilidade de o Brasil adotar o semipresidencialismo para resolver os impasses e as diversas crises políticas com celeridade. "Eu tenho a impressão de que em algum momento nós vamos ter que discutir essa questão do semipresidencialismo adaptada a nossa realidade", comentou.

Gilmar Mendes comentou, ainda, sobre o "Brexit", a saída do Reino Unido da União Europeia e suas consequências negativas para a economia não apenas do bloco comum europeu, mas sobretudo para os países que integram a Grã-Bretanha (Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales).

Ao abordar a operação Lava Jato, o ministro decano da Suprema Corte lamentou que o país assistiu por parte daquela operação "práticas totalitárias" e fascistas. Parafraseando o sociólogo Luiz Werneck Vianna, falecido em 2018, Gilmar Mendes chamou a operação Lava Jato de "tenentismo togado". Além de considerar que aquela operação pretendia romper com o Estado civilizatório e com o Estado Democrático de Direito ao citar o poema "No Caminho, com Maiakóvski", escrito pelo jornalista e escritor Eduardo Alves da Costa, de Niterói (RJ), nos anos 60.

Por: Humberto Azevedo e João Negrão/RDM News