Brasil não assina documento da cúpula da paz para a Ucrânia realizada na Suíça

Neste domingo (16), oitenta países ratificaram um manifesto que defende que a "integridade territorial" da Ucrânia deve ser a base para qualquer negociação de paz no leste europeu, após a invasão russa.

Foto: Correio Braziliense

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Neste domingo (16), oitenta países ratificaram um manifesto que defende que a "integridade territorial" da Ucrânia deve ser a base para qualquer negociação de paz no leste europeu, após a invasão russa. O Brasil, no entanto, não assinou o documento.

O manifesto é resultado da Cúpula da Paz para a Ucrânia, realizada neste fim de semana pelo governo da Suíça.

Delegações de cerca de cem países, principalmente ocidentais, participaram da conferência, mas a Rússia não enviou representantes. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, já havia declarado que não aceitará "planos forçados de paz" que ignorem os interesses de Moscou.

Em entrevista coletiva neste sábado (15), na Itália, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ter informado à presidente da Suíça, Viola Amherd, sobre sua decisão de não participar do encontro internacional deste domingo.

Segundo Lula, o Brasil só participará das discussões de paz quando ambos os lados do conflito, Ucrânia e Rússia, estiverem presentes. Ele argumentou que "não é possível ter uma briga entre dois e achar que se reunindo só com um, resolve o problema".

"Que a gente coloque, definitivamente, a Rússia na mesa, o Zelensky na mesa, e vamos ver se é possível convencê-los de que a paz vai trazer melhor resultado do que a guerra. Na paz, ninguém precisa morrer, não precisa destruir nada. Não precisa vitimar soldados inocentes, sobretudo jovens, e pode haver um acordo. Quando os dois tiverem disposição, estamos prontos para discutir", acrescentou Lula.

Para o encontro internacional deste domingo, o Brasil enviou a embaixadora do Brasil na Suíça, Claudia Fonseca Buzzi. O presidente ucraniano também esteve presente na cúpula buscando apoio internacional para seu plano de acabar com a guerra iniciada pela invasão russa.

Lula afirmou que o Brasil, em parceria com a China, já propôs uma negociação efetiva para a solução do conflito. "Como ainda há muita resistência, tanto do Zelensky quanto do Putin, de conversar sobre paz, cada um tem a paz na sua cabeça, do jeito que quer, e nós estamos, depois de um documento assinado com a China, pelo Celso Amorim e pelo representante do Xi Jinping, propondo que haja uma negociação efetiva", declarou Lula.

Na sexta-feira (14), a Ucrânia rejeitou as condições de cessar-fogo anunciadas por Putin. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia classificou as exigências como "absurdas", acusando o líder russo de tentar "enganar" as potências mundiais para minar os esforços diplomáticos de paz.

A conferência da Suíça ocorre em meio ao impasse nas negociações de cessar-fogo entre Ucrânia e Rússia, que estão paralisadas há mais de um ano. Diversos países, incluindo o Brasil, já enviaram propostas de paz para as nações, que as rejeitaram. Um dos principais pontos de conflito é a retirada das tropas russas da Ucrânia e a devolução das áreas ocupadas, incluindo a Crimeia, anexada por Moscou em 2014.