A maior economia da África à beira do abismo: Inflação galopante e moeda em queda livre

Com a inflação anual se aproximando dos 30% e a moeda em queda livre, a Nigéria está mergulhando em uma de suas piores crises econômicas em anos, provocando indignação e protestos em todo o país.

A maior economia da África à beira do abismo: Inflação galopante e moeda em queda livre

Com a inflação anual se aproximando dos 30% e a moeda em queda livre, a Nigéria está mergulhando em uma de suas piores crises econômicas em anos, provocando indignação e protestos em todo o país.

Na segunda-feira, a moeda nigeriana, o naira, atingiu uma nova baixa histórica em relação ao dólar americano, tanto no mercado oficial quanto no paralelo, desvalorizando para quase 1.600 nairas por dólar no mercado oficial, em comparação com cerca de 900 no início do ano. Em resposta à crise cambial, o presidente Bola Tinubu anunciou na terça-feira que o governo federal planeja levantar pelo menos US$ 10 bilhões para aumentar a liquidez de moeda estrangeira e estabilizar o naira, de acordo com reportagens de vários meios de comunicação locais.

A moeda nigeriana já desvalorizou cerca de 70% desde maio de 2023, quando Tinubu assumiu o cargo, herdando uma economia em dificuldades e prometendo uma série de reformas para estabilizá-la. Na tentativa de impulsionar a economia e atrair investimento internacional, Tinubu unificou as taxas de câmbio múltiplas da Nigéria e permitiu que as forças do mercado determinassem a taxa de câmbio, o que resultou na queda vertiginosa da moeda. Em janeiro, o regulador do mercado também alterou a forma de calcular a taxa de fechamento da moeda, levando a outra desvalorização de facto.

Anos de controle de câmbio também geraram uma enorme demanda reprimida por dólares americanos em um momento em que o investimento estrangeiro e as exportações de petróleo bruto, principal produto de exportação da Nigéria, diminuíram. “A taxa de câmbio enfraquecida deve aumentar a inflação importada, o que agravará a pressão sobre os preços na Nigéria”, disse Pieter Scribante, economista político sênior da Oxford Economics, em nota na sexta-feira.

A Nigéria, a maior economia da África com uma população de mais de 210 milhões de pessoas, depende de importações para atender às necessidades de sua população em rápido crescimento. “A redução da renda disponível e o aumento do custo de vida devem permanecer como preocupações ao longo de 2024, sufocando ainda mais o consumo e o crescimento do setor privado”, acrescentou Scribante.

A inflação no país continua a subir, com o índice de preços ao consumidor atingindo 29,9% ao ano em janeiro, seu nível mais alto desde 1996. O aumento é impulsionado principalmente pela alta persistente dos preços dos alimentos, que subiram 35,4% no mês passado em comparação ao ano anterior. O aumento do custo de vida e as dificuldades econômicas provocaram protestos em todo o país no fim de semana. A desvalorização da moeda intensificou o impacto negativo das reformas governamentais, como a remoção dos subsídios ao gás, que triplicaram o preço do combustível.

O presidente Tinubu disse no final de julho que o governo já havia economizado mais de 1 trilhão de naira (US$ 666,4 milhões) com a remoção dos subsídios, que serão redirecionados para investimentos em infraestrutura. No entanto, além da inflação galopante e da moeda em queda livre, a Nigéria também enfrenta níveis recordes de dívida pública, alto desemprego, cortes de energia e queda na produção de petróleo. Essas pressões econômicas são ainda mais agravadas pela violência e insegurança em muitas áreas rurais.

“O excesso de liquidez do mercado, a pressão sobre o câmbio e a escassez de alimentos e combustíveis ameaçam a estabilidade dos preços, enquanto a inflação corre o risco de sair do controle do governo”, alertou Scribante da Oxford Economics. “A demanda robusta por importações