Cidade de SP registra o dobro de casos de coqueluche no início de 2024

Em quase 4 meses, a cidade de São Paulo já registra o dobro de casos de coqueluche se comparado com 2023.

Foto: Folha - UOL

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Em quase 4 meses, a cidade de São Paulo já registra o dobro de casos de coqueluche se comparado com 2023. Até agora são 17 registros e nenhuma morte, contra 8 diagnósticos no ano passado. O aumento de notificações trouxe um alerta, mas a capital não está em surto, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde). Os casos foram registrados principalmente nas zonas Oeste e Sul.

“Isso já ocorre há alguns anos e é reflexo da baixa adesão vacinal", diz a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein. De fato, em 10 anos a cobertura vacinal do imunizante DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, caiu muito no país. Em 2012, o Brasil vacinou 93,81% do público-alvo e a região Sudeste alcançou a maior cobertura (95%). Já em 2022 o índice geral ficou em 77,25% e o Sudeste despencou para 74,79%, mostram os dados do DataSUS (o sistema de informática do Sistema Único de Saúde). Cerca de 1,6 milhão de crianças não receberam nenhuma dose dela entre 2019 e 2021, segundo dados da Unicef.

A vacina tem uma alta taxa de proteção e deve ser dada em 3 doses, aos 2, 4 e 6 meses, com reforço aos 15 meses e aos 4 anos, segundo o calendário do Ministério da Saúde. No entanto, a imunidade, apesar de duradoura, não é permanente e cai depois de 5 ou 10 anos. Daí a importância dos reforços nos adultos a cada 10 anos.

Segundo a infectologista, isso ajuda a reduzir a circulação da bactéria e proteger crianças e bebês. Há também uma vacina acelular (dTpa) que as gestantes devem tomar a partir da 20ª semana de gestação e que oferece proteção ao recém-nascido.

Causada pela Bordetella pertussis, uma bactéria que vive na garganta das pessoas, a coqueluche também é chamada de "tosse comprida" e se caracteriza por crises de tosse seca incontroláveis, intercaladas com a ingestão de ar, que provoca um som agudo, como um guincho ou chiado. Também pode haver vômitos e falta de ar, levando à cianose –estado em que a pessoa fica com uma coloração azul-arroxeada pela falta de oxigenação no sangue.

A doença ocorre principalmente em menores de 1 ano de idade devido ao esquema vacinal incompleto. Dependendo do estado da imunização, ela pode causar pneumonia, convulsões e comprometimento do sistema nervoso, e até levar à morte.

A transmissão se dá por via respiratória e por gotículas de saliva quando a pessoa fala, tosse ou espirra. O tratamento é feito com antibióticos e, quanto mais precoce, maior a chance de reduzir a gravidade e a transmissibilidade da doença.


Com informações da Agência Einstein.