Instituto Flor de Ibez e o Programa REM MT plantam mais de 4 mil árvores na aldeia São Brás, T.I. São Marcos, em Barra do Garças

A iniciativa teve como objetivo restaurar e proteger o Cerrado através de práticas regenerativas

Instituto Flor de Ibez e o Programa REM MT plantam mais de 4 mil árvores na aldeia São Brás, T.I. São Marcos, em Barra do Garças

A aldeia São Brás, localizada no Território Indígena Xavante de São Marcos em Barra do Garças-MT (649 km de Cuiabá), recebeu o projeto "Ö ihöibaré, abhu tsima "wara – água viva, cerrado em pé", pelo qual foram plantadas mais de 4 mil árvores. A iniciativa teve como objetivo restaurar e proteger o Cerrado através de práticas regenerativas, incluindo a recuperação do solo e das nascentes, visando ainda o fortalecimento de uma infraestrutura básica de produção agroflorestal de alimento e suprimento de água para a aldeia.

O projeto foi executado pelo Instituto Flor de Ibez e financiado pelo Programa REDD Early Movers (Programa REM MT em português), contando com a parceria da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da coordenação regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI/CR Xavante).

A parceria entre Flor de Ibez e a aldeia São Brás iniciou em 2019, com encontros de formação agroflorestal. A partir daí, os laços de cooperação foram se estreitando, em práticas de preservação das nascentes, regeneração do solo, produção de alimento e outros cuidados com a vida e a saúde do território. Com isto, o Instituto auxilia a aldeia São Brás a gradualmente se formar como uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) com foco em produção sustentável.

De acordo com o coordenador geral do Instituto Flor de Ibez, Artur Simón, o projeto Ö Ihöibaré surgiu do interesse dos membros da aldeia São Brás em recuperar as suas nascentes. "Este projeto nasceu da descoberta deles de que o Cerrado alimentava a nascente, que era importante plantar alimento, que era importante ter água. Então, espontaneamente começou um processo de etnozoneamento e são eles os que decidem o que vai ser feito em suas terras", explicou.

A formação das pessoas fez parte integrante de todo o processo de prática e plantio. "A teoria vai sendo descoberta por eles na prática, pela observação dos processos naturais, com a ajuda do facilitador", disse Artur Simón.

As interações durante as formações eram traduzidas para a língua Xavante pelo monitor agroflorestal e fundador da aldeia São Brás, Cirino Hi'a'u Urebété. Segundo ele, mesmo com as dificuldades com a língua portuguesa, o trabalho tem surtido bons resultados. "Como não conhecemos a língua não-indígena, conversamos pouco, mas na prática fizemos e aprendemos. A dificuldade é o idioma, mas estamos sempre enfrentando para aprender essas coisas boas".

Com o fim do projeto no mês de fevereiro, Cirino Hi'a'u Urebété explica que mesmo que a agrofloresta seja uma prática nova em sua aldeia, a expectativa é que no futuro esse conhecimento possa ser passado de geração para geração. "Na aldeia São Brás sempre vamos buscar coisas boas. Os jovens vão continuar esse projeto comigo na agrofloresta e na roça de toco para conseguirmos comida boa para nossa comunidade", enfatizou.

O projeto incluiu a construção de um viveiro e de um aceiro para preservar a área de recarga das nascentes, onde foram plantadas mais de 1000 sementes e quase 500 mudas de buriti. Incluindo as várias espécies foram plantadas mais de 4000 mudas de nativas do Cerrado, complementadas por exóticas adaptadas, como banana, cítricos e outras frutas de interesse da aldeia.

Além do plantio de mudas e do aceiro, o projeto também instalou uma roda d"água no rio que margeia a aldeia e bacias para captação da água e infiltração no solo na região da área de recarga. As bacias de captação tem o intuito de absorver a água da chuva e permitir que infiltre lentamente, aumentando assim a reserva de água na terra. "Plantar água significa plantar a vegetação que vai permanecer no local, abrindo caminho para a água ser armazenada no solo. As bacias de captação são uma ajuda imediata, enquanto as árvores crescem", concluiu Simón .

Para obter mais informações sobre o projeto "Ö ihöibaré, abhu tsima "wara – água viva, cerrado em pé" entre em contato com o Instituto Flor de Ibez pelo email: [email protected] ou whatsApp (66) 9 9673-7893.