Pesquisa indica redução de ataques a jornalistas em 2023

De ofensas a violências físicas, jornalistas no Brasil foram vítimas de 330 agressões durante 2023, segundo levantamento da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) divulgado na 3ª feira (26.

Pesquisa indica redução de ataques a jornalistas em 2023
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A queda do número de violências em 2023, segundo avaliou a Abraji, tem relação com a alteração do cenário político e o fim do mandato de Jair Bolsonaro (PL).

Conforme Rafaela Sinderski, o mapeamento contabilizou que 38,2% dos casos registrados foram considerados episódios de violência grave. "São agressões físicas, ameaças de morte, de perseguição, de violência física", disse a pesquisadora.

Outro tipo de violência, os discursos estigmatizantes, representou 47,2% dos casos. "São ofensas verbais e casos de campanhas de descredibilização de jornalistas, de meios de comunicação e da empresa com questões sociais e questões mais amplas", declarou.

Segundo a pesquisa, 55,7% dos casos registrados em 2023 tiveram como agressores agentes estatais, que são funcionários públicos ou agentes políticos em mandato. "Isso é muito preocupante e grave. Principalmente quando são agentes políticos eleitos", afirmou a pesquisadora.

Violência de gênero

A pesquisa indica que 52,1% dos ataques tiveram origem ou repercussão na internet. "É muito forte atacar a imprensa e jornalistas, principalmente quando são mulheres. As jornalistas sofrem muita violência on-line com discursos estigmatizantes nas redes sociais", disse Rafaela.

O Distrito Federal foi o lugar onde houve mais violência contra jornalistas em 2023. "Foram registrados 82 ataques explícitos de gênero ou agressões contra mulheres jornalistas. E o que a gente entende por ataques explícitos de gênero", afirmou a pesquisadora.

A entidade considera o número preocupante, mesmo havendo uma queda de 43,4% em relação a 2022. Esses ataques usam, por exemplo, questões ligadas à identidade de gênero, à sexualidade e à orientação sexual para atacar jornalistas.

Outras tendências, segundo a Abraji, se fortaleceram no último período analisado, como o aumento dos processos judiciais civis ou penais com o intuito de silenciar jornalistas, que chegaram a 7,9% do total de agressões, e o crescimento de agressões graves registradas na categoria de "agressões e ataques".

Recomendações

A partir do que foi coletado, a Abraji recomendou que os poderes públicos reforcem políticas de proteção a jornalistas e comunicadores vítimas de ataques em razão do exercício da profissão. A entidade apontou que as plataformas de redes sociais devem desenvolver mecanismos para enfrentar a violência on-line que afeta jornalistas.

Às empresas jornalísticas, a associação pediu que sejam adotadas medidas de formação, prevenção e proteção para seus profissionais. Aos jornalistas, ficou a recomendação que não deixem de denunciar a agressões sofridas no exercício da profissão.


Com informações da Agência Brasil.