O Ministério Público Federal (MPF) denunciou 14 pessoas por envolvimento em uma rede de tráfico internacional de drogas supostamente operada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). A denúncia, apresentada no âmbito da Operação Mafiusi, revela conexões do grupo com a máfia italiana 'Ndrangheta e aponta que cargas de cocaína eram enviadas à Europa principalmente pelo Porto de Paranaguá, no Paraná.
Segundo as investigações, o esquema operava desde 2019 e funcionava com uma estrutura organizada, incluindo divisão de tarefas e hierarquia definida. O grupo é acusado de organização criminosa e associação para o tráfico. A denúncia do MPF destaca que os envolvidos utilizavam tecnologia avançada para comunicação criptografada e movimentação financeira, além de realizarem pagamentos em espécie e compra de bens de luxo para lavar o dinheiro obtido com o tráfico.
Empresários são apontados como líderes do esquema
De acordo com o MPF, Willian Barile Agati, conhecido como "concierge do PCC", era o principal operador do esquema e responsável pelo envio de drogas ao exterior. Ele teria coordenado uma tentativa de exportação de 554 kg de cocaína para o Porto de Valência, na Espanha, em dezembro de 2020. Agati nega as acusações e questiona a legalidade das provas obtidas na investigação. Seu advogado, Eduardo Maurício, afirma que ele é "um empresário honesto".
Outro nome citado na denúncia é João Carlos Camisa Nova Júnior, conhecido como "Don Corleone". Ele é apontado como comparsa de Agati e teria ajudado no envio da cocaína para a Europa, utilizando tanto navios quanto um jato particular modelo Falcon 50. Segundo a Polícia Federal, essa aeronave teria sido usada pelo PCC para transportar drogas até a Bélgica.
Lavagem de dinheiro e estrutura do crime organizado
Além do tráfico de drogas, as investigações indicam que o grupo utilizava a compra de imóveis e o agenciamento de jogadores de futebol como formas de lavar dinheiro. A denúncia ressalta que a atuação de Agati e seus comparsas envolvia a aquisição de bens e a movimentação de grandes valores, com o objetivo de dificultar o rastreamento do dinheiro ilícito.
A Operação Mafiusi revelou que o Porto de Paranaguá era um dos principais pontos de exportação das cargas de cocaína enviadas pelo grupo, que também fazia uso de jatos particulares para o transporte da droga. Segundo o MPF, a conexão entre o PCC e a máfia italiana demonstra o alcance internacional da organização criminosa e seu alto poder financeiro.
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