Palestra sobre desinformação marca lançamento de livro sobre comunicação científica
Palestra sobre desinformação marca lançamento de livro sobre comunicação científica (Foto: Reprodução) A palestra do Professor Doutor Gil Baptista Ferreira, da Universidade de Coimbra, sobre o papel da comunicação científica em tempos de desinformação, marcou o lançamento do livro "Comunicar Ciência: Democracia, Cultura e Audiovisual".
A palestra do Professor Doutor Gil Baptista Ferreira, da Universidade de Coimbra, sobre o papel da comunicação científica em tempos de desinformação, marcou o lançamento do livro "Comunicar Ciência: Democracia, Cultura e Audiovisual". O evento, realizado de forma remota nesta quinta-feira (19.12), foi transmitido pelo canal do Grupo de Pesquisa Multimundos, ligado à Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A obra, organizada pelos professores Benedito Dielcio Moreira e Pedro Pinto de Oliveira, é fruto do Seminário Internacional Comunicar Ciência, ocorrido em 2022.
Durante a abertura, o professor Pedro Pinto de Oliveira agradeceu aos autores que contribuíram para o livro. "Desejamos que essa obra seja um material referencial para estudantes e pesquisadores da Comunicação e de diversas áreas. Por isso, meu sincero agradecimento a todos os autores e autoras ", afirmou. O livro conta com textos de Bruno Araújo, Caterina Cucinotta, Claudia Magallanes Blanco, Daniel H. Cabrera Altieri, Dário Mesquita, Gil Baptista Ferreira, Jesús Ramé, João Carlos Correia, João Massarolo, Mirian Barreto Lellis, Paula Guimarães Simões, Paula Libos e Safira Campos.
A palestra de Gil Baptista Ferreira, intitulada "Em quem confiar? Comunicar ciência em tempos de desinformação" destacou questões importantes do mundo contemporâneo. Gil defendeu a ciência como um processo inclusivo e democrático, essencial para o fortalecimento de sociedades críticas e informadas. Segundo ele, a comunicação científica não deve se limitar à transmissão de dados, mas deve incorporar valores como transparência, empatia e criatividade.
Ao abordar os desafios da desinformação, o professor também enfatizou como as redes sociais ampliam a disseminação de narrativas simplistas e polarizadoras, que frequentemente desacreditam especialistas e promovem desconfiança em relação à ciência. "Narrativas populistas prosperam oferecendo respostas fáceis para problemas complexos. A ciência, por sua vez, oferece ferramentas para enfrentar essa complexidade, explicando e transformando o mundo".
Gil citou o filósofo John Dewey como uma inspiração para sua visão de ciência como prática colaborativa. Para ele, a ciência deve ser apresentada como um método acessível, capaz de promover participação cidadã e reflexão crítica. "A ciência não deve ser encarada como um conhecimento distante ou restrito às elites, mas como um método democrático, acessível e compreensível a qualquer pessoa, indivíduo ou cidadão", destacou.
O professor também enfatizou a importância de iniciativas que tornem a ciência mais tangível para a população. Ele citou exemplos como museus de ciência, oficinas interativas e projetos de ciência cidadã, nos quais o público participa ativamente de investigações científicas. "Monitorar a qualidade da água ou mapear a biodiversidade são formas de ilustrar como o método científico funciona e por que ele merece confiança", explicou.
Segundo Gil, conectar a ciência a questões do cotidiano é uma maneira eficaz de combater a desconfiança e aproximar a população dos processos científicos. Ele ressaltou que a comunicação clara e acessível é essencial para enfrentar as narrativas conspiracionistas, que tendem a explorar lacunas de informação e fomentar a polarização.
Na visão do professor, a ciência e a democracia compartilham valores fundamentais. Ele argumentou que comunicar ciência de forma aberta e colaborativa é essencial para o fortalecimento da democracia. Ele alertou que percepções elitistas da ciência abrem espaço para narrativas populistas que desacreditam especialistas e promovem desinformação. Para ele, uma ciência inclusiva e acessível é determinante para construir confiança pública e fortalecer laços democráticos.
A palestra foi encerrada com um apelo à valorização da ciência como uma prática compartilhada e um meio de transformação social. Gil Baptista reforçou que, em tempos de desinformação, comunicar ciência é uma responsabilidade coletiva.
*Safira Campos é repórter e mestra em Comunicação pelo PPGCOM-UFMT.