Fumaça das queimadas no Pantanal ameaça saúde; veja como se preteger
Fumaça das queimadas no Pantanal ameaça saúde; veja como se preteger (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil) Pesquisadores da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) emitiram uma nota técnica alertando sobre os impactos graves da fumaça das queimadas florestais na saúde da população de Cáceres e outras regiões do Pantanal mato-grossense.
Pesquisadores da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) emitiram uma nota técnica alertando sobre os impactos graves da fumaça das queimadas florestais na saúde da população de Cáceres e outras regiões do Pantanal mato-grossense. Os incêndios, comuns no período de estiagem, têm se intensificado nos últimos dias, e a qualidade do ar está em níveis alarmantes, o que representa um perigo tanto imediato quanto a longo prazo para os moradores.
A nota técnica destaca que, em Cáceres, já são visíveis os efeitos da fumaça, com aumento significativo de casos de dificuldades respiratórias, além de mais atendimentos em unidades de saúde para condições como asma, bronquite e pneumonia. “A situação é grave. Estamos vendo pessoas com doenças respiratórias pré-existentes apresentarem piora, além de um aumento nas internações”, afirmam os pesquisadores do curso de Ciências Biológicas da Unemat.
A fumaça das queimadas é composta por uma mistura de poluentes altamente tóxicos, como monóxido de carbono, material particulado e metais pesados, como chumbo e mercúrio. Essas substâncias podem causar danos severos à saúde humana, especialmente em grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos, gestantes e pessoas com problemas respiratórios.
Pesquisas anteriores corroboram os riscos mencionados pelos cientistas. Um estudo realizado em Tangará da Serra, em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontou um aumento de 10% nas internações por pneumonia e insuficiência respiratória em períodos de queimadas intensas. A expectativa é que em Cáceres a situação siga a mesma tendência, dado o cenário atual.
O monitoramento realizado pelo Governo Federal, em 10 de setembro, mostrou que a concentração de material particulado na atmosfera de Cáceres estava 15 vezes acima do limite recomendado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Essa poluição pode desencadear uma série de doenças, tanto respiratórias quanto cardiovasculares, afetando toda a população, sem distinção.
Diante da gravidade dos incêndios e da qualidade do ar, o Governo de Mato Grosso decretou situação de emergência em 58 municípios do estado, incluindo Cáceres. O reconhecimento da emergência também foi oficializado pelo Governo Federal. A fumaça que cobre a região é consequência direta da seca extrema que atinge o estado, facilitando a propagação do fogo, que tem devastado grandes áreas de vegetação.
Os especialistas da Unemat pedem atenção redobrada e alertam para a necessidade de medidas preventivas para minimizar os impactos da fumaça na saúde. Entre as recomendações, estão evitar trabalhos pesados ao ar livre, reforçar a hidratação e, em casos de sintomas respiratórios ou cardiovasculares, procurar atendimento médico o quanto antes.
Além dos danos imediatos à saúde, os cientistas alertam para os riscos a longo prazo. A exposição prolongada aos poluentes pode contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas e autoimunes. "O material particulado presente na fumaça pode permanecer no organismo por anos, agravando problemas de saúde existentes e desencadeando novas complicações, especialmente em pessoas que já possuem doenças crônicas", ressaltam os pesquisadores.
Confira abaixo as recomendações indicadas pelos especialistas para a população exposta à fumaça das queimadas:
- Evitar atividades físicas extenuantes ou prolongadas ao ar livre;
- Reforçar a hidratação para proteger as vias respiratórias;
- Manter ambientes fechados o mais limpos possível, evitando a entrada de ar poluído;
- Em locais com ar-condicionado, manter o filtro limpo e a entrada de ar externo fechada;
- Evitar atividades que aumentem a poluição interna, como acender velas, incensos ou lareiras;
- Parar de fumar, pois o fumo aumenta a quantidade de poluentes nos pulmões;
- Suspender atividades ao ar livre em escolas e instituições de ensino;
- Procurar atendimento médico em caso de agravamento de sintomas respiratórios ou cardiovasculares.