Lula chama de "cretinos" quem o responsabilizou por aumento do dólar

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou nesta 5ª feira (27.

Foto: YouTube

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou nesta 5ª feira (27.jun.2024) de "cretinos" quem o responsabilizou pelo aumento do dólar depois das declarações dadas em entrevista na 4ª feira (26.jun.2024). Em tom de irritação, disse que quem apostar em derivativos ou no fortalecimento da moeda americana frente ao real "vai perder".

"Veja o que aconteceu ontem. Quando eu terminei a entrevista, a manchete de alguns comentarias era de que o dólar subiu pela entrevista do Lula. Esses cretinos não perceberam que o dólar tinha subido 15 minutos antes de eu dar entrevista. 15 minutos antes", disse durante seu discurso na abertura da 3ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, conhecido como Conselhão. O encontro é realizado no Itamaraty e reúne 250 conselheiros.

Na 4ª feira, a cotação da moeda americana chegou a R$ 5,52 às 10h30, alta de 1,13%, enquanto o presidente concedia entrevista ao portal UOL. O dólar manteve o patamar no fechamento do mercado, maior valor desde os R$ 5,56 alcançados em 18 de janeiro de 2022.

Durante o discurso, Lula criticou especulações do mercado financeiro e disse que quem apostar em ganhar dinheiro com derivativos "vai perder dinheiro".

"Esse mundo perverso das pessoas colocarem para fora aquilo que querem, sem medir a responsabilidade do que vai acontecer, é muito ruim. Eu queria, [Fernando] Haddad, dizer para você, pode ter certeza: quem tiver apostando em derivativo vai perder dinheiro neste país. As pessoas que apostaram em ganhar dinheiro no fortalecimento do dólar vão quebrar a cara outra vez", disse.

Lula foi fortemente aplaudido pelos conselheiros ao dizer que voltou a ser presidente porque "tem consciência de que vai dar certo".

Conselhão

Durante a abertura do evento, 9 conselheiros discursaram. Eles entregaram a Lula documentos de cada grupo e comissão temática com os resultados das discussões e com propostas de políticas públicas. Defenderam redução de juros e investimentos no setor produtivo, foco na educação de crianças da 1ª infância e no combate à fome.

O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Ricardo Alban, afirmou que o país passa por uma política de juros contracionista e disse que o debate sobre o assunto deve ser sobre os motivos de a atual taxa Selic estar em 10,5% e não se ela deve ser reduzida.

Alban defendeu o trabalho convergente entre os setores privado e público e disse que é preciso ter cuidado para não se criar um "abismo" entre o consumo e a capacidade de oferta.

"Estamos criando uma bolha ou talvez algo mais delicado, um abismo entre consumo e capacidade de oferta. Estamos inibindo a capacidade de oferta e, em um prazo muito curto, vamos ter um problema sério de pressão inflacionária por total incapacidade do setor produtivo", disse. Alban afirmou ainda que os setores produtivos e o governo precisam trabalhar de forma convergente para atingir o equilíbrio fiscal.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse que o Brasil tem 2 desafios principais: aumentar investimentos e a produtividade do país. Disse também que o Conselhão é importante para que o governo "ouça a sociedade".

"Sociedade civil organizada faz diferença, governo que ouve e dialoga acerta mais e traz mais resultados para nossa população", disse.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, criticou indiretamente o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que extinguiu o Ministério da Cultura. Foi recriado na atual gestão petista. "Enquanto eles estavam passando a boiada, nós estamos passando educação, saúde, transformação de vida", disse.