Representantes da indústria criticam decisão do Copom em manter os juros em 10,5%

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter os juros no atual patamar de 10,5% ao ano.

Foto: YouTube

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter os juros no atual patamar de 10,5% ao ano. A decisão gerou reações negativas entre os principais representantes do setor da indústria.

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão foi "inadequada e excessivamente conservadora". A justificativa é de que manter o atual patamar irá impor restrições adicionais à atividade econômica, provocando reflexos negativos sobre o emprego e a renda.

Em nota, o presidente da CNI defendeu que a manutenção do ritmo de corte da Selic "contribuiria para mitigar o custo financeiro suportado pelas empresas e pelos consumidores, sem prejudicar o controle da inflação."

A CNI argumenta ainda que a decisão ideal, um corte de 0,25 ponto percentual, levaria a taxa de juros real a 6,4% ao ano, o que ainda denotaria uma política monetária "fortemente contracionista".

Seguindo a linha crítica à decisão, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) comunicou, em nota, que "a manutenção da taxa prejudica a recuperação da economia, limitando a expansão dos investimentos."

A Federação destacou que a indústria, entre os três principais setores do Produto Interno Bruto (PIB), foi a única a apresentar desempenho negativo no último semestre.

A nota sugere ainda que a política monetária deve ser mais favorável ao crescimento econômico, tendo em vista a falta de dinamismo no setor.

"No âmbito monetário, é essencial preservar a autonomia do BC para assegurar maior previsibilidade e transparência na condução da política monetária", aponta a Federação carioca.

Vale destacar que a decisão do Copom ocorreu em meio a atritos entre o presidente Lula (PT) e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicado ao cargo pelo ex-presidente da República, Jair Bolsonaro.

Sob o mesmo viés, o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), Rafael Cervone, apontou que "a área econômica do governo e o Banco Central precisam conversar mais entre si, pois a independência da instituição, como ocorre em vários países, não significa antagonismo."

Cervone afirmou ainda que eventuais diferenças políticas estão muito abaixo dos interesses maiores do Brasil, dos setores produtivos e da meta de inclusão socioeconômica.

A nota negativa à decisão argumentou que "é necessário quebrar o círculo vicioso do desajuste fiscal e juros elevados."

Para o representante do CIESP, as incertezas persistentes quanto ao ajuste fiscal do governo federal dificultam uma decisão das autoridades monetárias quanto à redução das taxas.