Prefeitura de São Paulo: a 4 meses da eleição, apenas um pré-candidato já definiu vice
A quatro meses da eleição municipal, apenas um pré-candidato já tem nome definido para a posição de vice na capital paulista.
A quatro meses da eleição municipal, apenas um pré-candidato já tem nome definido para a posição de vice na capital paulista.
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) já tem a definição desde fevereiro: a ex-prefeita Marta Suplicy, que voltou ao PT justamente para compor a chapa.
Entre as outras dez pré-candidaturas, nenhuma tem a definição de vice, uma posição de importância no pleito paulistano.

Em São Paulo, três dos últimos cinco prefeitos chegaram pela primeira vez ao principal posto do Executivo porque foram eleitos vice:
- Gilberto Kassab (na época, no DEM, hoje União), em 2006: era vice de José Serra (PSDB), que resolveu sair candidato ao governo de São Paulo;
- Bruno Covas (PSDB), em 2018: era vice de João Doria (na época, no PSDB), que também se lançou candidato ao estado naquele ano;
- Ricardo Nunes (MDB), em 2021: vice de Covas, assumiu a prefeitura com a morte do prefeito, decorrente de um câncer.

As vices de todos os candidatos devem ser definidas oficialmente entre 20 de julho e 5 de agosto, período do calendário eleitoral destinado à celebração das convenções partidárias.
- Altino Prazeres (PSTU) – sem vice definido até o momento
- Fernando Fantauzzi (DC) – sem vice definido até o momento
- José Luiz Datena (PSDB) – sem vice definido até o momento
- Guilherme Boulos (PSOL) – vice: Marta Suplicy (PT)
- João Pimenta (PCO) – sem vice definido até o momento
- Kim Kataguiri (União) – sem vice definido até o momento
- Marina Helena (Novo) – sem vice definido até o momento
- Pablo Marçal (PRTB) – sem vice definido até o momento
- Ricardo Nunes (MDB) – sem vice definido até o momento
- Tabata Amaral (PSB) – sem vice definido até o momento
- Ricardo Senese (UP) – sem vice definido até o momento
Escolha do prefeito
Atual prefeito paulistano, Ricardo Nunes (MDB) caminha para ter um vice do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, ao seu lado.
A escolha de Nunes dependerá, primordialmente, de acertos com Bolsonaro e o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Para o posto, o ex-presidente manifesta predileção pelo nome do ex-comandante da Rota, a tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, Ricardo de Mello Araújo (PL).
Além de Mello, há na corrida pela vice de Nunes:
- Sonaira Fernandes (PL): vereadora, foi secretária de Políticas para a Mulher do governo de Tarcísio até abril – só deixou o posto para buscar a reeleição à Câmara;
- Raquel Galinatti (PL): delegada e diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol).
- Rute Costa (PL): vereadora, ex-PSDB – deixou o partido em meio à debandada pró-Nunes –, é ligada a lideranças da Assembleia de Deus no Brasil;
Cada nome conta com apoios e resistências diversas na pré-campanha do prefeito, que já tem onze partidos na aliança – a maior entre os pré-candidatos.
Mello é o número um de Bolsonaro para o posto, mas não tem seu nome bem-recebido pela pré-campanha de Nunes, que prefere um civil na vice.
Sonaira tem o apoio de Tarcísio, mas, por na pandemia ter feito críticas à gestão de Bruno Covas, também não agrada ao entorno do prefeito, que era vice do tucano.
Gallinati é o nome preferido da cúpula do PL e também de Nunes, mas conta com resistências do bolsonarismo, por ela não ser um nome ligado ao grupo.
Já Rute, com oito anos de Câmara e passagem pela mesa diretora da Casa, agrada a partidos aliados de Nunes, mas mobiliza pouco clamor dentro do PL e do bolsonarismo.
Cabo de guerra
Surpresa na última pesquisa Atlas/CNN, aparecendo com 10% das intenções de voto e tirando eleitores Nunes, Pablo Marçal (PRTB) busca seduzir o União Brasil.
O União é controlado na capital pelo vereador Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara Municipal, que deseja seguir apoiando Nunes.
O partido, porém, tem a pré-candidatura de Kim Kataguiri em jogo, sob apoio da cúpula nacional da legenda e do Movimento Brasil Livre (MBL), que fez prévias para escolhê-lo.
O PRTB quer a médica Nisa Yamaguchi, que foi conselheira de Bolsonaro em meio à pandemia, para a vice.
Como ela está no União, a chapa só poderia ser consolidada em uma aliança do partido com o PRTB – movimento visto por articuladores da política paulistana como improvável.

PSDB, Datena e Tabata
No PSDB, que lançou a pré-candidatura de José Luiz Datena, a preocupação maior não é a vice: é se o jornalista, enfim, vai se candidatar.
Datena se lançou a pré-candidato a diversos cargos e desistiu antes de qualquer oficialização nas últimas quatro eleições (de 2016 a 2022).
Em dezembro, ele chegou ao PSB na expectativa de formar chapa com Tabata Amaral (PSB), sendo vice da deputada federal.
Tabata vêm buscando agregar o apoio de quadros do governo de Bruno Covas e do PSDB, enquanto partido, para sua empreitada eleitoral.
O PSDB, tal como Marta, se afastou de Nunes devido à aproximação que o prefeito tem feito com Bolsonaro, que era crítico de Bruno Covas na pandemia.
Em abril, Datena migrou do PSB para o PSDB, gerando expectativa de que tal movimento selasse a aliança entre as duas legendas. Convencido pela cúpula tucana, porém, Datena concordou em ser lançado pré-candidato pelo partido.
A pré-campanha de Tabata mantém conversas com o PSDB – assim como a de Nunes –, mas já tem uma alternativa: seduzir alguma legenda do arco de alianças do prefeito.
Aliados de Tabata têm ouvido insatisfações de líderes de partidos aliados a Nunes menos alinhados a Bolsonaro, insatisfeitas com o espaço que têm na pré-campanha do prefeito.
Diante disso, a pré-campanha tem mantido conversas com essas legendas, desejando oferecer espaço na vice para uma delas.
Importância do vice
Há dois pontos estratégicos para se criar uma chapa "competitiva", segundo o cientista político Nilton Sainz: atrair partidos "fortes" e buscar um vice que "complementa" o prefeito.
Partidos com expressividade na Câmara trazem recursos e tempo de TV. Já um vice de perfil complementar ao prefeito, acena tanto à classe política como ao eleitorado.
"A ideia de escolher um é ampliar a chapa para conseguir ser mais forte", diz Sainz, pesquisador do projeto Representação e Legitimidade Democrática (ReDem), da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Um vice, afirma o pesquisador, pode ter o perfil de ser "forte no Legislativo municipal", ajudando na formação e manutenção de coligação – como foi Nunes com Covas, em 2020.
A complementação eleitoral também pode ter características de gênero – Boulos, homem, e Marta, mulher –, ou até religiosa – Nunes, católico, e Rute e Sonaira, evangélicas.
*Colaborou Maria Clara Matos