Modelo de negócio do ódio ameaça jogar humanidade em abismo, diz Barroso

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que o mundo lida com um modelo de negócio que "fomenta o ódio" para ganhar dinheiro e ameaça jogar a humanidade em um abismo "incivilizado".

Foto: Metrópoles

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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que o mundo lida com um modelo de negócio que "fomenta o ódio" para ganhar dinheiro e ameaça jogar a humanidade em um abismo "incivilizado".

A fala de Barroso aconteceu após cerimônia de posse da ministra Cármen Lúcia como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesta segunda-feira (3).

“Lidamos por vezes com um modelo de negócio que vive do engajamento, e o ódio, infelizmente, traz mais engajamento do que a fala moderada. De modo que, por trás do biombo da liberdade de expressão, se esconde esse modelo de negócio que, para ganhar dinheiro, fomenta o ódio e ameaça jogar a humanidade num abismo incivilizado.”

O ministro também disse que o mundo está passando por um "momento delicado" por conta da desinformação e que isso vem comprometendo a liberdade de expressão. "A liberdade de expressão, a dignidade da pessoa humana, a busca da verdade, a importância para a democracia para as pessoas participarem de forma esclarecida, tudo isso é comprometido por esse mundo de notícias fraudulentas", complementou Barroso.

O presidente do STF também afirmou que o Deep Fake — técnica de inteligência artificial que cria vídeos falsos para imitar pessoas — agrava a situação da desinformação no mundo.

"Somos ensinados a acreditar naquilo que vemos e ouvimos. No dia em que não podemos mais acreditar naquilo que se vê e ouve, a liberdade de expressão terá perdido o sentido. O esforço que o mundo está fazendo para equacionar esse problema e regulá-lo não é um esforço contra a liberdade de expressão, mas um esforço para salvar a liberdade de expressão", disse o ministro.

O ministro também alertou que as eleições municipais são mais complicadas de se administrar, mas que o país tem "sorte" por ter Cármen Lúcia presidindo as eleições municipais."As eleições municipais são mais difíceis de administrar porque tem uma imensa quantidade de candidatos, são mais de 500 mil candidatos e a Justiça eleitoral fica verdadeiramente sobrecarregada", complementou Barroso.