"Sei que posso fazer muito mais se ocupar uma cadeira parlamentar", diz Patrícia Feitosa

Nossa Mulher Positiva é Patrícia Feitosa, advogada, filha de dois nordestinos resilientes, que nos conta como iniciou sua carreira e afirma que diante das dificuldades prefere encará-las como necessidades de adequação.

Nossa Mulher Positiva é Patrícia Feitosa, advogada, filha de dois nordestinos resilientes, que nos conta como iniciou sua carreira e afirma que diante das dificuldades prefere encará-las como necessidades de adequação. Patrícia da Silva Feitosa, advogada, graduada pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), pós-graduada em direito penal e processo penal pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2017), Formación de Alto Nivel Em Democracia y Seguridad impartida em la Universidad de Santiado de Compostela (Espanha) e Escola Superior do Ministério Público de São Paulo, atualmente com Escritório Patrícia Feitosa Advocacia Especializada, atualmente assessora da Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, atividades que desenvolve participação em grandes Operações da Polícia Federal, membro efetivo da Comissão de Empreendedorismo da Ordem dos Advogados do Brasil. Trabalhou na Secretaria do Verde e Meio Ambiente do Município de São Paulo Capital (2016/2018), Departamento de Estrada e Rodagem do Estado de São Paulo (2019/2020), Formação – Líderes RAPS: Campanhas Eleitorais e Sustentabilidade 2018, foi candidata a vereadora por São Paulo em 2016, candidata a deputada estadual em 2018, co-autora do livro Temas de Mediação e Arbitragem, já publicou artigo na revista “Síntese Direito Imobiliário – Cautelas na Compra e Venda de Imóvel”.

1. Como começou a sua carreira? Sou protagonista da minha história, que acredito ser inspiradora para muitas mulheres que não se sentem capazes de alçar seus próprios voos. Eu sou nordestina, filha de uma mulher guerreira, trabalhadora, que sempre acreditou que a educação transformaria a vida de suas três filhas: Patrícia, Paloma e Paula. Desde muito novinha minha mãe sempre disse: “Filha, você vai estudar, não pode faltar na escola, você precisa ser ‘alguém’, eu não tive nenhuma oportunidade, mas vocês terão”. Meus pais sempre acreditaram no meu potencial. Trabalhava dia e noite para pagar a mensalidade do curso de direito. Nunca se esquivaram. Meu pai viajava para São Paulo com o objetivo de trabalhar, conseguia juntar dinheiro e retornava para o Nordeste novamente. Até que um dia minhas irmãs foram diagnosticadas com um sério problema de visão. Minha mãe foi ao oftalmologista que fez o tratamento errado, diante disso agravou mais o problema. Viemos para São Paulo em busca de tratamento melhor. A vida foi melhorando, o meu pai, motorista de transporte coletivo de passageiros, aos 47 anos, teve a oportunidade de tornar-se proprietário, e mudamos totalmente nossa vida financeira. Hoje ele é empresário e sempre me ajudou muito. Com todos esses desafios que os meus pais enfrentavam com minhas irmãs, eu mesma buscava escola para não parar os estudos. Precisei ser forte porque tinha apenas 12 anos, uma criança. Precisei de muita coragem e personalidade para superar desafios e alcançar os meus objetivos até aqui. Da adolescência na comunidade do Paraisópolis, que estudei na Escola Estadual Etelvina de Góes Marcucci, até a mulher que se formou e pós-graduou em direito penal e direito processual penal pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, foi uma caminhada extensa e árdua, mas também provocadora, fomentando o meu desenvolvimento como cidadã, que além da conquista do título de doutora honoris causa em prevenção e combate ao feminicídio, concedido pela Faculdade Apostólica Bíblica Eclesiástica, promoveu a sua consciência social e política. E foi com essa motivação plural de trabalhar pelo coletivo cheguei a ocupar espaço no PL, fui uma líder atuante do movimento feminino do partido, com ações de destaque em frentes sociais de defesa dos menos favorecidos socialmente, do meio ambiente, dos direitos das mulheres, em especial, das mulheres vitimadas pela violência doméstica, de mulheres e meninas vulneráveis que cotidianamente sofrem violência física, psicológica e sexual. Mas eu sei que posso fazer muito mais se ocupar uma cadeira parlamentar e tenho trabalhado nesse projeto, participando dos processos eleitorais. A cada eleição, vamos acumulando experiência e melhorando nosso relacionamento com as pessoas e com as lutas que defendemos. Fui candidata a vereadora em 2016 e a deputada estadual em 2018.

2. Como é formatado o modelo de negócios da Patrícia Feitosa Advocacia Especializada? É um escritório de advocacia especializado em direito criminal, com objetivo principal em desenvolver estratégias adequadas e específicas para caso o caso concreto, foco no atendimento humanizado e elaboração de trabalho jurídico artesanal.

3. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? Dificuldade na carreira foi começar sem dúvida o mercado de trabalho com restrições de publicidade. A OAB possui suas regras, que não podem ser violadas, então, comecei do zero mesmo, o famoso buzz marketing, aprender a cobrar, pensar que o financeiro é o coração da empresa. Eu encontrei anjos na minha vida que estenderam as mãos. Mas não irei romantizar lidar com a rotina estressante, além de se preocupar com network etc. Um exemplo: conseguir um alvará para um cliente acusado de lavagem de dinheiro. Isso repercute para outras pessoas e assim começam às indicações. Um momento muito difícil da minha carreira foi quando perdi uma cliente em 2015. Fui contratada para entrar com uma ação de divórcio consensual de um casal tinha uma filha com a mesma idade que a minha Sophia. Houve um desentendimento entre o casal em um domingo chuvoso, eu estava saindo para missa. Tenho o hábito de ir aos domingos. Quando fui surpreendida com uma ligação informando que minha cliente foi brutalmente assassinada pelo esposo. Isso marcou muito porque eu tinha apenas três anos de exercício na advocacia, entrei em colapso. Hoje com 11 anos de experiência percebo que tentei ajudar de todas às formas. Após o ocorrido, iniciei um trabalho por conta própria de atendimentos às mulheres vítimas de violência doméstica e percebi no decorrer da jornada que o fato de ter leis que fortalecem a punição do agressor não é suficiente. Precisamos de mulheres nos espaços de poder, nas cadeiras parlamentares para criar políticas públicas que fortaleçam cada vez mais as mulheres. Penso em projetos que fomente o empreendedorismo feminino, que leve informação à sociedade, que possa transformar a cultura da nossa sociedade. Atualmente tenho um projeto que visa levar informação às mulheres desenvolvido nas igrejas católicas São José e Nossa Senhora do Paraiso.

4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? Tento separar as estações, não tenho nenhum problema, temos um acordo entre nós. O meu marido e minha filha são tranquilos, compreendem e me incentivam nas minhas escolhas. O direito criminal é imediato, urgente, prisão em flagrante não pode esperar, é tudo muito rápido. Quando o meu escritório é acionado para acompanhamento de prisão em flagrante e custódia preciso sair imediatamente. Mas hoje tenho mais liberdade porque contamos com uma equipe de profissionais experientes e humanizados que trabalham comigo. Recentemente fiz uma viagem para a Espanha a trabalho, e eles super apoiaram quando eu chequei em casa tinha até café da manhã de boas-vindas (risos).

5. Qual seu maior sonho? Palestrar, ser um instrumento de transformação na vida das pessoas, continuar levando minha história de vida e empreendedorismo para o mundo. Que Deus coloque pessoas no meu caminho que enxerguem a minha vontade de transformar vidas. Como advogada, consigo transformar vidas, como política, que tenho um sonho de ser deputada, conseguiria contribuir para o Brasil com meu conhecimento e experiência, não só como profissional, mas de vida. Com 36 anos, me sinto preparada para enfrentar qualquer desafio.

6. Qual sua maior conquista? Minha maior conquista foi conseguir realizar o meu sonho de ser advogada. Quando eu tinha 8 anos eu morava em uma vila chamada Vila do Espirito Santo, em São José do Egito, Pernambuco. Tinha um senhor que era médium, lembro que um dia ele abordou eu e minha mãe e disse: “Sua filha vai ser advogada, mas ela tem uma missão muito grande”. Ficamos surpresas, minha mãe perguntou qual seria? Transformar vidas. Isso é muito forte, eu sei o porquê, mas Deus sabe como.

7. Livro, filme e mulher que admira. Filme: “Uma Linda Mulher”, Livro: “O Advogado”, de John Grisham. Mulher: Fabi Saad. Recentemente, participei da jornada do empreendedorismo feminino na sede da Ordem dos Advogados de São Paulo. Assisti à palestra da Fabi, confesso que, com toda a coragem e força que eu tenho, estava em um momento de desistir de um projeto que tenho… Conheci uma mulher incrível, que me despertou muito. Parecia que ela estava falando comigo a cada palavra, eu sentia que eu não poderia desistir de algo que é tão importante, estava sendo covarde comigo, com quem precisa de mim… Eu fui ao banheiro e chorei muito durante a palestra, muito mesmo. Era rodízio do meu carro, então fiz questão de não voltar de carro. Peguei um ônibus 5119 e relembrei daquela menina que saiu do sertão de Pernambuco em um ônibus da Itapemirim com destino a São Paulo para a maior comunidade Paraisópolis, em busca de mudar a vida, não só a dela, mais da família. E percebi que não posso desistir. Eu me conectei comigo mesma. A palestra da Fabi Saad gerou um sentimento de ainda não acabou. Agradeço à Faab Saad pela oportunidade de contar minha história de resiliência no empreendedorismo desde o primeiro ano de formada. Tenho escritório de advocacia, é um desafio até hoje empreender, acreditar, perseverar e não desistir nunca. Os desafios são constantes, mas Deus coloca anjos quando o proposito vem do coração para que a promessa se cumpra. Que Deus abençoe toda a equipe do Mulheres Positivas, um projeto que deve ser valorizado cada dia mais. Precisamos de mulheres na política para fomentar o empreendedorismo feminino. Gratidão