Assassinato de Marielle foi encomendado em troca de loteamento clandestino avaliado em R$ 100 milhões, diz Ronnie Lessa

Segundo relato de Ronnie Lessa em sua delação premiada, ele afirma ter sido contratado por Domingos e Chiquinho Brazão para realizar o assassinato de Marielle Franco.

Foto: Terra

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Segundo relato de Ronnie Lessa em sua delação premiada, ele afirma ter sido contratado por Domingos e Chiquinho Brazão para realizar o assassinato de Marielle Franco. Lessa alega que o pagamento proposto pelo crime envolvia a concessão de um loteamento clandestino na zona oeste do Rio de Janeiro, com um valor futuro estimado em pelo menos R$ 100 milhões. Além disso, ele menciona que teria sido oferecida a oportunidade de se tornar um dos líderes de uma nova milícia na mesma região.

Lessa declarou durante sua delação, com duração de duas horas e trechos exibidos em uma reportagem do programa Fantástico, que não foi contratado como um assassino de aluguel, mas sim para uma associação. Ele afirma ter aceitado a proposta imediatamente, sem conhecer inicialmente o alvo do crime. Inicialmente, o político Marcelo Freixo foi cogitado como alvo, porém, devido à sua visibilidade, o plano foi considerado mais arriscado. Posteriormente, Marielle Franco foi escolhida como alvo, supostamente por suas atividades políticas contrárias aos interesses dos envolvidos.

As investigações indicam que o planejamento do assassinato teve início no segundo semestre de 2017, após uma reação de Chiquinho Brazão à participação de Marielle na votação de um projeto de lei relacionado à regulamentação fundiária de loteamentos em determinadas áreas do Rio de Janeiro. A atuação de Marielle junto às comunidades em Jacarepaguá era vista como um obstáculo pelos interesses dos irmãos Brazão, que tinham relevante influência política na região, onde predominavam as milícias.

Além disso, há indícios do envolvimento dos Brazão em atividades criminosas, incluindo milícias e grilagem de terras, o que evidencia uma divergência política em relação às questões de regularização fundiária e direito à moradia. Enquanto Marielle defendia o uso desses territórios para fins sociais e habitação popular, os interesses dos envolvidos estavam voltados para outros propósitos.