Desmatamento sobe nas fronteiras da Mata Atlântica com Cerrado e Caatinga

O desmatamento na Mata Atlântica caiu 27% em 2023.

Foto: Thomas Bauer - info@thojbauer.com

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O desmatamento na Mata Atlântica caiu 27% em 2023. Segundo o Atlas da Mata Atlântica, o desmatamento reduziu de 20.075 hectares para 14.697 em 1 ano áreas superiores a 3 hectares em florestas maduras. Já em áreas a partir de 0,3 hectare, o desmatamento aumentou de 74.556 para 81.356 hectares, segundo o SAD Mata Atlântica. O número equivale a mais de 200 campos de futebol desmatados por dia.

A Fundação SOS Mata Atlântica afirmou que apesar dos estudos mostrarem números conflitantes, ambos apontam uma tendência de desmatamento na Mata Atlântica e aumento nas transições e em encraves de outros biomas. O SAD destaca o aumento das derrubadas em encraves no Cerrado e na Caatinga, principalmente na Bahia, Piauí e Mato Grosso do Sul. O desmatamento se deu majoritariamente onde há expansão agrícola.

Em relação à queda do desmatamento, os dados do Atlas mostram que ela se deu na maioria dos 17 Estados abrangidos pela Mata Atlântica, com exceção do Piauí, Ceará, Mato Grosso do Sul e Pernambuco. Apesar de Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina estarem regularmente entre os Estados que lideram o ranking de derrubada, segundo o estudo, em 2023 eles se destacaram positivamente com queda de 57%, 78% e 86%, respectivamente, nas taxas.

Para o diretor-executivo da fundação, Luís Fernando Guedes Pinto, “a redução no desmatamento na área contínua em parte da Mata Atlântica é um sinal encorajador de que as políticas de conservação e o monitoramento intensivo estão produzindo resultados positivos”.

Luís Fernando também afirmou que ainda é preciso um olhar integrado para todos os biomas para zerar o desmatamento e priorizar a restauração florestal. Caso contrário, segundo ele, as crises do clima e da biodiversidade continuarão a se intensificar.

“De nada adianta puxar o lençol para a cabeça e descobrir os pés. Menos floresta representa mais desastres naturais, epidemias e desigualdade. Para a agricultura, significa também quebras de safra recorrentes. Qual é o sentido de termos tanta área agrícola se não conseguimos manter a saúde dos ecossistemas que sustentam a produção?", declarou o diretor-executivo.

O Atlas da Mata Atlântica é coordenado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O SAD Mata Atlântica é uma parceria entre a fundação e o MapBiomas.