Iranianos rezam em ruas e templos por presidente desaparecido

Iranianos se reuniram nas ruas do país e em templos religiosos neste domingo (19.

Foto: RTP

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Iranianos se reuniram nas ruas do país e em templos religiosos neste domingo (19.mai.2024) para rezar pelo presidente Ebrahim Raisi. O líder do Irã estava no helicóptero que precisou fazer um pouso forçado neste domingo (19.mai.2024) em uma área de difícil acesso.

Até a noite deste domingo (horário do Brasil), as equipes de resgate ainda não haviam localizado o presidente. Seu estado de saúde é desconhecido. Circulam nas redes sociais fotos e vídeos de centenas de pessoas reunidas no Irã, chorando e rezando por Raisi.

Assista (1min41s):

Pouso forçado

Ebrahim Raisi estava em um dos helicópteros que passava pela província iraniana do Azerbaijão Oriental. O incidente foi perto de Jolfa, uma cidade na fronteira com o Azerbaijão, segundo a Irna (agência de notícias estatal a estatal do país). No momento do incidente, o local apresentava condições climáticas desfavoráveis, com chuvas e fortes ventos.

Além do presidente, também estavam a bordo o ministro das Relações Exteriores, Hossein Amirabdollahian, o governador da província do leste do Azarbaijão, Malek Rahmati e o líder de oração de 6ª feira de Tabriz, Hojjatoleslam Al Hashem. Até o momento o helicóptero não foi localizado pelas equipes de busca.

Quem é Ebrahim Raisi

Sayyid Ebrahim Raisol-Sadati, conhecido como Ebrahim Raisi, nasceu em 14 de dezembro de 1960 na cidade iraniana de Mashhad. Vindo de uma família clerical, recebeu uma educação religiosa.

Em 1975, ele estudou teologia e jurisprudência islâmica em Qom, um dos centros de estudos religiosos mais importantes do Irã. Iniciou sua carreira jurídica aos 20 anos. Em 1981, foi nomeado procurador das províncias de Karaj e de Hamadan.

Ao longo das décadas de 1980 e 1990, Raisi ocupou várias posições no sistema judiciário iraniano. Em 1985, foi nomeado procurador-adjunto de Teerã e, posteriormente, procurador da cidade.

"Comitê da morte"

Em 1988, o iraniano fez parte do apelidado "comitê da morte", que supervisionou execuções em massa de prisioneiros políticos e dissidentes. O número exato de mortes é desconhecido. A estimativa é de 2.800 a 3.800.

Em 1994, Raisi foi nomeado chefe da Organização Geral de Inspeção do Irã. Ocupou a função até 2004. Ele também atuou como vice-chefe do Judiciário de 2004 a 2014.

Em 2019, virou chefe da Justiça do Irã. No cargo, promoveu uma campanha contra a corrupção e iniciou processos contra funcionários do governo de Hassan Rouhani e empresários.

O líder iraniano enfrentou acusações relacionadas a sua atuação no Judiciário do Irã. Organizações internacionais, como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch acusaram o iraniano de violar os direitos humanos e de crimes contra a humanidade.

Política

Ebrahim Raisi é um ultraconservador e defensor do sistema velayat-e faqih, que estabelece a supremacia do líder supremo do Irã. Na economia, adota uma política intervencionista, visando a justiça social e a redução da desigualdade. Nas relações externas, defende uma política de resistência ao Ocidente.

Ele é um dos principais nomes para suceder o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, de 85 anos. Raisi se candidatou à Presidência do Irã pela 1ª vez em 2017. Na ocasião, foi derrotado por Hassan Rouhani.

O iraniano concorreu novamente ao cargo em 2021 e venceu o pleito com uma campanha de combate à corrupção, promoção da justiça social e resistência às sanções dos EUA. Raisi tomou posse em agosto do mesmo ano e ocupava a função desde então.

Dificuldades internas

O líder iraniano governa um país com diversos problemas internos e externos. O Irã tem uma economia altamente dependente do petróleo e enfrenta alta inflação e desemprego. Também enfrenta sanções por parte dos EUA, da UE (União Europeia) e do Reino Unido. Os bloqueios afetam a capacidade da nação de exportar petróleo e acessar mercados financeiros globais.

As dificuldades econômicas, assim como a falta de liberdade civis e violações de direitos humanos desencadearam, nos últimos anos, uma série de protestos contra o governo. Um dos mais recente se deu em 2022, depois da morte da jovem iraniana Mahsa Amini, 22 anos, sob a custódia da Patrulha de Orientação –uma espécie de polícia da moralidade.

Ela foi detida por usar seus trajes de forma "inapropriada" para os padrões do Irã. Vestia calças apertadas e seu hijab (véu tradicional da cultura islâmica) não cobria completamente seus cabelos. O governo de Raisi reprimiu os atos com violência.

O Irã tem ainda um relacionamento marcado por tensões com outros países, além dos EUA. Em 13 de abril, por exemplo, as forças iranianas realizaram um ataque com drones e mísseis contra Israel. O governo afirmou que a ofensiva foi feita em legítima defesa contra a "agressão do regime sionista" à embaixada do Irã em Damasco, capital da Síria.


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