Lula precisa relembrar carreira sindical, diz ONG

O advogado Ariel de Castro Alves, Presidente de Honra do grupo "Tortura Nunca Mais"–uma das 150 signatárias do manifesto crítico às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o golpe de 1964– disse que o chefe do executivo deve "relembrar sua carreira sindical" e seu próprio entrentamento contra o regime militar (1964 – 1988).

Lula precisa relembrar carreira sindical, diz ONG
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Em entrevista ao canal "RedeTV!", na noite de 3ª feira (27.fev), o presidente da República disse relembrar a data "com tranquilidade", pois estaria mais preocupado com os atos extremistas do 8 de janeiro de 2023. Afirmou, também, que não queria "remoer o passado".

Na sequência, a fala foi considerada "equivocada" para a "Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça Reparação e Democracia", que, em nota, disse que "falar sobre 64 não é remoer o passado, é discutir o futuro". A entidade representa organizações como a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e o Instituto Vladimir Herzog.

Bolsonaro, assessores, ex-ministros e integrantes do PL (Partido Liberal) são investigados pela PF (Polícia Federal) na operação Tempus Veritatis por participarem de uma suposta tentativa de golpe para que Lula não assumisse a presidência no final de 2022.

Além das investigações atuais, a fala do presidente também entra em conflito com a sua própria história, segundo o ativista, que cobra que o presidente cumpra promessas de campanha como a criação de uma Comissão de mortos e desaparecidos políticos para apurar crimes cometidos pelo regime militar.

"O presidente Lula precisa relembrar que sua carreira sindical e política, que impulsionou sua chegada à presidência da República iniciou-se no enfrentamento à Ditadura Militar, quando foi preso injustamente pelo Regime Militar", afirmou.

Lula foi preso em 19 de abril de 1980 por ter promovido uma greve dos metalúrgicos do ABC paulista, quando era presidente do sindicato na época. Ele foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional, e ficou detido por 31 dias.

"O projeto eleitoral que o elegeu nas últimas eleições era de compromisso com a democracia e de repúdio aos golpes e ditaduras. Ele precisa agora cumprir seus compromissos com os setores sociais, de defesa dos direitos humanos e da democracia".