Ministério das Comunicações amplia rede de rádios para auxiliar vítimas das chuvas no sul

Com mais de 250 mil pontos no estado sem acesso à energia elétrica devido às enchentes, os rádios de pilha emergiram como elementos vitais de informação para os afetados no Rio Grande do Sul.

Foto: Agência Brasil - EBC

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Com mais de 250 mil pontos no estado sem acesso à energia elétrica devido às enchentes, os rádios de pilha emergiram como elementos vitais de informação para os afetados no Rio Grande do Sul. Essa parcela da população utiliza esses aparelhos, considerados quase arqueológicos nos dias atuais, para se manter informada sobre a situação emergencial da região e receber notícias sobre serviços de assistência.

A demanda por esses rádios é tão urgente que grupos de voluntários estão se mobilizando para arrecadar e distribuí-los nas comunidades mais afetadas. A Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), em colaboração com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), lidera uma campanha nesse sentido, já tendo distribuído 33 aparelhos. No município de Sinimbu, parte da região do Vale do Rio Pardo, onde a internet está indisponível em algumas áreas, foram entregues 14 rádios ontem. Os demais foram distribuídos em Santa Cruz do Sul e Santa Maria.

O professor Willian Araujo, do curso de Comunicação Social da Unisc e um dos coordenadores do projeto, explicou que a iniciativa surgiu após várias áreas, especialmente no interior, ficarem incomunicáveis.

Valdemar Jochimf, aposentado de 99 anos e ouvinte assíduo dos rádios gaúchos, foi uma das pessoas que recebeu um desses aparelhos. Ele perdeu seu rádio para as enchentes, que também danificaram boa parte de seus móveis em Santa Cruz do Sul. Seu rádio o alertou sobre as fortes chuvas na semana passada e ajudou sua família a encontrar abrigo seguro.

O aposentado Dari Lopes, 75 anos, também recebeu um rádio após três dias sem luz. Sua filha, Miriam Barros, auxiliar de serviços gerais na Unisc, lhe presenteou com o aparelho por temer que ele não conseguisse receber avisos de evacuação.

As ondas curtas do rádio desempenham um papel crucial em cenários de catástrofes ambientais, pois são capazes de alcançar vastas áreas da superfície terrestre, ultrapassando fronteiras.

No último fim de semana, o Ministério das Comunicações anunciou que as rádios comunitárias do Rio Grande do Sul podem formar redes de comunicação para transmitir conteúdos exclusivamente voltados para auxílio às vítimas, durante a situação de calamidade pública.

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) direcionou um dos transmissores em ondas curtas da Rádio Nacional da Amazônia para a região Sul, a fim de fornecer informação, serviços de emergência e participação dos ouvintes.

O rádio, que oficialmente chegou ao Brasil em 1922, durante as comemorações do centenário da Independência, agora se torna um recurso essencial em áreas afetadas por desastres naturais. Voluntários continuam arrecadando doações de rádios e pilhas em bom estado para ajudar essas comunidades, enquanto a população também pode contribuir financeiramente através do Pix.