Tanques de Israel cercam parte leste de Rafah

Os tanques israelenses dominaram a estrada principal que divide as metades leste e oeste de Rafah nesta sexta-feira (10), efetivamente cercando todo o lado leste da cidade no sul da Faixa de Gaza.

Moradores descreveram explosões e tiros quase constantes a leste e nordeste da cidade nesta sexta-feira (10), com intensos combates entre as forças israelenses e militantes do Hamas e da Jihad Islâmica.

O Hamas disse ter cercado tanques israelenses perto de uma mesquita no leste da cidade, um sinal de que os israelenses haviam penetrado vários quilômetros a partir do leste até a periferia da área construída.

Israel ordenou que civis saíssem da metade oriental de Rafah, forçando dezenas de milhares de pessoas a procurar abrigo fora da cidade, anteriormente o último refúgio de mais de um milhão que fugiram de outras partes do enclave durante a guerra.

Israel diz que não pode ganhar a guerra sem atacar Rafah para eliminar milhares de combatentes do Hamas que acredita estarem abrigados lá. O Hamas diz que vai lutar para defender a região. Agências de ajuda dizem que a batalha coloca centenas de milhares de civis já deslocados em perigo.

“Não é seguro, Rafah não é segura, já que disparos de tanques atingiram todos os lugares desde ontem”, disse à Reuters Abu Hassan, 50, morador de Tel al-Sultan, a oeste de Rafah, por meio de um aplicativo de bate-papo.

“Estou tentando sair, mas não posso pagar para comprar uma tenda para minha família”, disse ele. “Há um aumento do movimento de pessoas para fora de Rafah, mesmo das áreas ocidentais, embora elas não foram designadas como zonas vermelhas pela ocupação.

“O exército está mirando em toda Rafah, não apenas no leste, com tanques e ataques aéreos.”

Os militares israelenses disseram que suas forças no leste de Rafah localizaram vários poços de túneis e tropas beneficiadas por um ataque aéreo lutaram de perto com grupos de combatentes do Hamas, matando vários.

A agência disse que jatos israelenses atingiram vários locais dos quais foguetes e morteiros foram disparados contra Israel nos últimos dias, inclusive no ponto de passagem de Kerem Shalom.

Os tanques israelenses já isolaram o leste de Rafah, capturando e fechando a única passagem entre o enclave e o Egito. Um avanço na sexta-feira para a estrada Salahuddin que corta a faixa completou o cerco da “zona vermelha”, onde moradores foram ordenados a sair.

Os Estados Unidos bloquearam carregamentos de armas para Israel pela primeira vez desde o início da guerra.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse na quinta-feira (9) que Israel “lutará com nossas unhas” se for preciso. Em uma entrevista a uma TV dos EUA, o premiê disse que esperava que Israel superasse suas discordâncias com o presidente Joe Biden.

As negociações de cessar-fogo se romperam na quinta-feira (9), sem acordo para interromper os combates e libertar reféns capturados nos ataques de 7 de outubro, liderado pelo Hamas.

O Hamas disse que concordou no início da semana com uma proposta apresentada por mediadores do Catar e do Egito que já havia sido aceita por Israel. Israel disse que a proposta do Hamas continha elementos que não poderiam ser aceitos.

Mais de 34 mil habitantes de Gaza foram mortos nos sete meses de guerra, de acordo com autoridades de saúde do enclave controlado pelo Hamas, que dizem que milhares de mortos provavelmente estão enterrados sob escombros. Israel lançou o ataque para aniquilar o Hamas após os ataques de 7 de outubro, em que 1.200 pessoas foram mortas de acordo com os números israelenses.