A advogada de Donald Trump acusou a atriz de filmes pornográficos, Stormy Daniels, de lucrar com sua história de que eles fizeram sexo em 2006, parte de um esforço para minar sua credibilidade como testemunha no primeiro julgamento criminal de um presidente ou ex-presidente dos EUA.
O relato pouco lisonjeiro de Daniels de um encontro sexual com Trump em uma suíte de hotel em Lake Tahoe em 2006 agitou os jurados na terça-feira (7), lembrando os eleitores dos EUA dos aspectos mais sombrios de sua presidência 2017-2021, enquanto ele faz campanha para reconquistar a Casa Branca este ano.
Trump, de 77 anos, é acusado de 34 acusações de falsificação de registros comerciais para encobrir o pagamento de 130 mil dólares de seu ex-advogado Michael Cohen a Daniels, de 45 anos, por seu silêncio antes da eleição de 2016 sobre o suposto encontro. Trump se declarou inocente e nega ter feito sexo com Daniels.
Sua advogada Susan Necheles mostrou aos jurados que as redes sociais de Daniels publicavam propagandas em sua loja virtual na época em que Trump foi acusado no ano passado.
A mercadoria incluía uma vela “Stormy Saint of Indictments” com sua foto e uma história em quadrinhos intitulada “Political Power: Stormy Daniels.”
“Uma grande parte do seu sustento há muitos anos vem da história de que você fez sexo com o presidente Trump e que ajudará o presidente Trump a ser condenado, certo?” Necheles perguntou.
Daniels disse que precisa de dinheiro para pagar suas despesas legais – ela deve a Trump mais de 500 mil dólares de um processo de difamação fracassado – e que vender mercadorias fazia parte de seu trabalho.
“Isso sou eu fazendo meu trabalho”, disse Daniels em um tom confiante, vestindo uma camisa verde e um casaco preto.
Trump argumenta que o julgamento é uma tentativa politicamente motivada de interferir em sua campanha.
Os promotores dizem que os esforços de Trump para apagar vestígios corromperam as eleições de 2016, impedindo que os eleitores soubessem sobre uma história que poderia ter mudado seus votos.
Necheles procurou usar o trabalho de Daniels na indústria de filmes adultos para lançar dúvidas sobre sua versão de sexo com Trump.
“Você tem muita experiência em fazer histórias falsas sobre sexo parecerem reais?”, perguntou Necheles.
“Uau”, disse Daniels, rindo. “Não é assim que eu colocaria. O sexo nos filmes é muito real, assim como o que aconteceu comigo naquela sala.”
“Se essa história fosse falsa, eu teria escrito para ser muito melhor”, disse ela.
Trump, vestindo uma gravata azul, sentou-se curvado para a frente na mesa de defesa, franzindo a testa, enquanto Daniels dava o testemunho.
Em certo sentido, o testemunho de Daniels é periférico ao caso, e pode não importar muito para os eleitores que já ouviram outras histórias do suposto mau comportamento sexual de Trump.
Os advogados de Trump argumentaram o mesmo na terça-feira (7), quando procuraram sem sucesso uma anulação do julgamento, dizendo que ela “inflamou” o júri com detalhes desnecessários, como alegar que Trump não usou preservativo.
O testemunho de Daniels na terça-feira (7) claramente frustrou Trump, que em um ponto pareceu chamá-lo de “besteira”, atraindo um aviso sobre a intimidação de testemunhas do juiz Juan Merchan.
Merchan multou Trump em US $10.000 por falar sobre jurados e testemunhas no julgamento e alertou que outras violações podem levá-lo à prisão.
O caso é amplamente visto como o menos consequente dos quatro processos criminais que Trump enfrenta. Mas as chances dos outros três – que resultam dos esforços para reverter sua perda eleitoral de 2020 para Biden e sua manipulação de documentos confidenciais – irem a julgamento antes da eleição estão se distanciando. Ele se declarou inocente em todos os casos.
CNN BRASIL