Israel demonstra "estupidez" com Lula, diz chanceler palestino

O ministro das Relações Exteriores da Palestina, Riyad Al Maliki, classificou como "muito estúpido" o gesto de Israel de considerar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como persona non grata depois que o petista comparou as ações da guerra contra o Hamas às de Adolf Hitler contra os judeus.

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O presidente brasileiro comparou a operação militar de Israel na Faixa de Gaza com o extermínio de judeus realizado por Hitler na Alemanha nazista. As declarações foram dadas em 18 de fevereiro durante uma conversa com jornalistas na Etiópia. Na ocasião, Lula voltou a dizer que os palestinos estão sendo alvo de um "genocídio". Também afirmou que o Brasil defenderá na ONU (Organização das Nações Unidas) a criação de um Estado palestino.

"É importante lembrar que, em 2010, o Brasil foi o 1º país a reconhecer o Estado palestino. É preciso parar de ser pequeno quando a gente tem de ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", disse. Leia a íntegra da declaração aqui e veja o vídeo no fim desta reportagem.

Ao declarar Lula persona non grata, em 19 de fevereiro, o ministro de Relações Exteriores israelense, Israel Katz, exigiu uma retratação formal de Lula. "Não perdoaremos e não esqueceremos –em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao presidente Lula que ele é uma personalidade indesejável em Israel até que ele peça desculpas e se retrate de suas palavras", declarou.

Segundo Al Maliki, "Lula deveria considerar a declaração [de persona non grata] como uma elogio quando vem dos israelenses".

O chanceler palestino afirmou que o presidente brasileiro demonstrou "coragem" ao falar o que falou. "Não se pode virar as costas diante do sofrimento dos outros. Sofrimento humano é sofrimento humano. Ele sabe disso e vemos isso em suas declarações", afirmou.

"Não é apenas ao dizer ‘nazista’ que já saltamos da cadeira e passamos a ser acusados de antissemita", continuou. "Não é por um menção a Hitler que já se fala em ser anti-Israel", acrescentou.

"O que ocorreu em 1939, não estávamos lá para prevenir. Agora, estamos no poder e precisamos fazer o possível para que evitar algo similar ocorra. Não importa se é uma vida brasileira, israelense e ou palestina. O importante é se levantar pela humanidade", completou.

Al Maliki recordou que o governo de Israel já havia criticado o secretário-geral da ONU, António Guterres, e pedido a sua demissão depois de declarações feitas em outubro. Na época, Guterres condenou os ataques contra civis e o "atos de terrorismo" do Hamas. O diplomata, no entanto, disse ser "importante reconhecer" que os ataques do grupo extremista "não aconteceram sem contexto". Eis a íntegra da fala (PDF – 110 kB, em inglês).

O chanceler palestino declarou "não haver limite" para o comportamento de Israel. "Pergunte para nós. Vivemos sob a ocupação deles por 56 anos. Os conhecemos muito bem. Talvez esse seja um episódio entre Brasil e Israel, mas estamos lidando com tantos episódios todos os dias. Somos especialistas", disse.

Assista às declarações de Lula em 18 de fevereiro (2min43s):