Jornalista argentino viraliza ao revelar ao vivo abusos do pai na infância

Na última quarta-feira (17), os telespectadores do programa “De 12 a 14”, transmitido na região de Rosário, na Argentina, foram surpreendidos com o relato do âncora Juan Pedro Aleart, que decidiu revelar que ele e os irmãos foram abusados sexualmente pelo próprio pai e um tio durante a infância.

Foto: UOL

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Na última quarta-feira (17), os telespectadores do programa “De 12 a 14”, transmitido na região de Rosário, na Argentina, foram surpreendidos com o relato do âncora Juan Pedro Aleart, que decidiu revelar que ele e os irmãos foram abusados sexualmente pelo próprio pai e um tio durante a infância.

A história do jornalista logo se espalhou pelo país. Segundo ele, o pai – portador do vírus HIV, causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) – violentou sexualmente a irmã quando ela tinha três anos. Ao mesmo tempo, Juan e seu irmão eram abusados sexualmente pelo tio.

Embora a irmã não tenha contraído o vírus HIV, ela desenvolveu diversos problemas de saúde, segundo Juan. “Ataques de pânico, insônia, queda de cabelo, perda de peso e em diversas ocasiões ela quis tirar a vida”, contou o jornalista em entrevista ao “La Nación”.

De acordo com Juan, a mãe foi “vítima e cúmplice” dos abusos praticados pelo marido contra as crianças. Quando lhe contaram sobre o abuso da filha, a mulher teria classificado a menina como “exagerada e louca”.

O jornalista denunciou em tribunal o tio, em 2022, e o pai, há algumas semanas, pelo crime de abuso sexual qualificado contra a irmã. Quando o pai de Juan foi notificado da denúncia, tirou a própria vida.

Perguntado pelo “La Nación” a respeito do que o levou a decidir contar tudo o que ele e os irmãos passaram na infância, Juan explicou:

“Foi um processo bastante longo e difícil. Primeiro, foi muito complexo conscientizar, assimilar e aceitar o abuso. Depois foi muito difícil apresentar uma queixa-crime, porque em Rosário sou uma figura pública e o que vão dizer desempenha aí um papel”, afirmou.

“Depois, vivi o processo judicial onde houve muitas injustiças e depois o fato de o crime ter prescrito…tudo foi se acumulando até chegar a hora de dizer: ‘Estou tornando isso público’. E quando tomei a decisão pessoal e interna, meu pai suicidou-se e eu disse: ‘Bom. Pronto.’ Eu estava viajando e disse a mim mesmo que quando voltasse falaria sobre isso. Eu precisava que isso me curasse, porque a Justiça estava me dando as costas”, acrescentou.

Questionado sobre como era conviver com o horror dos abusos quando criança, o jornalista foi categórico:

“Os abusadores são enganadores e fazem você acreditar que o que eles estão fazendo com você é bom e divertido, que estão fazendo isso para o seu próprio bem. Eles disfarçam isso como um jogo. Meu pai e meu tio fizeram isso. Significa que sempre leva muito tempo para a vítima perceber que isso está errado.”

Ainda ao “La Nación”, ele declarou ter sido “chocante” e “triste” receber a notícia do suicídio do pai. “Mas como disse a minha irmã: ‘O filme de terror acabou e o monstro decidiu partir para sempre’. Ele nunca mais incomodará minha irmã”, concluiu.