Mulher é resgatada após viver 10 anos em cativeiro do Boko Haram

O Exército nigeriano afirma ter resgatado uma das estudantes desaparecidas de Chibok, que foi raptada pelo Boko Haram há uma década.

Foto: RFI

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O Exército nigeriano afirma ter resgatado uma das estudantes desaparecidas de Chibok, que foi raptada pelo Boko Haram há uma década.

Lydia Simon foi resgatada com seus três filhos por tropas que conduziam uma operação no norte do estado de Borno, disseram os militares na quinta-feira (18). Ela estava grávida de cinco meses no momento do resgate.

O Exército não especificou como ou quando o resgate aconteceu, apenas destacou que foi "recente". A CNN entrou em contato com as Forças Armadas para obter mais detalhes.

Das 276 estudantes raptadas pelo Boko Haram em 2014, mais de 100 foram libertadas. O destino de mais de 80 meninas permanece desconhecido, segundo dados da Anistia Internacional.

O rapto em massa de 2014 desencadeou uma campanha global nas redes sociais, a #BringBackOurGirls, pedindo pela libertação, assim como ação governamental para proteger a educação das jovens.

O Boko Haram, cujo objetivo é instituir a Sharia, ou seja, a lei islâmica, travou uma batalha de insurreição que dura mais de 15 anos no norte da Nigéria e levou ao sequestro de milhares de pessoas.

Ainda assim, o rapto das meninas de Chibok continua sendo o exemplo mais notório do ataque do grupo às escolas.

O último resgate de uma estudante de Chibok foi anunciado um dia depois de o Exército nigeriano ter dito que invadiu “com sucesso um reduto do Boko Haram/Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP) no estado de Borno, após ataques aéreos e combates terrestres na vasta floresta de Sambisa”, que serviu como enclave para grupos extremistas durante anos.

Uma década depois: sobreviventes contam suas histórias

Sobreviventes do sequestro de Chibok compartilharam recentemente suas histórias angustiantes no cativeiro com a CNN no 10º aniversário do caso.

Uma delas, chamada Amina Ali, de 27 anos, foi forçada a se casar com um combatente do Boko Haram, passando dois anos em cativeiro, antes de escapar.

Ela está estudando e trabalhando para um futuro melhor para ela e sua filha de 8 anos, que ela disse à CNN ter sido estigmatizada e rotulada como "filha do Boko Haram".

Outra sobrevivente, Hannatu Stephen, de 26 anos, foi libertada em 2017 e perdeu uma perna durante um ataque aéreo dos militares nigerianos a um esconderijo do Boko Haram. Seis de suas amigas foram mortos no atentado, segundo ela.

Hauwa Ishaya, de 27 anos, que tinha 16 quando foi raptada, relatou que foi espancada pelos seus sequestradores e pressionada a aceitar um marido do Boko Haram, do qual, segundo ela, conseguiu escapar.

Ishaya também se reuniu com sua família em 2017, depois de passar três anos como "escrava", tratando combatentes feridos do Boko Haram.

Sequestros persistentes

Os sequestros e ataques a escolas persistem em todo o norte da Nigéria desde 2014, com mais de 1.600 estudantes sequestrados e quase 200 outros mortos, de acordo com um relatório da Save the Children.

As gangues criminosas também estão explorando a vulnerabilidade exposta por grupos extremistas, o que leva a um aumento nos sequestros exigindo resgate, concluiu o relatório.

No dia 7 de março, mais de 100 estudantes, a maioria meninas, teriam sido levados por gangues criminosas de uma escola em Kuriga, no noroeste da Nigéria. Dois dias depois, mais 15 crianças foram raptadas de um internato no estado de Sokoto, também no noroeste, segundo a Human Rights Watch.