Não se usa o Holocausto como comparação, diz Wagner após fala de Lula

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), disse nesta 3ª feira (20.

Não se usa o Holocausto como comparação, diz Wagner após fala de Lula
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“Não tiro uma palavra do que vossa excelência disse, a não ser o final, que, na minha opinião, não se traz à baila o episódio do Holocausto para nenhuma comparação, porque fere sentimentos, inclusive meus, de familiares perdidos”, disse Wagner sobre sua conversa com Lula.

Assista (7min53s):

O senador é judeu, está no partido há 45 anos e é amigo de Lula. Ele falou depois do discurso do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), que pediu uma retratação pela comparação “inapropriada” e “inequivocada” do presidente da República.

Wagner disse concordar com Pacheco, mas não ao exigir retratação de Lula. “Como judeu, me sinto ofendido, o povo judeu não pode comungar com o assassinato de civis, sob qualquer desculpa. A motivação de Lula é a busca do cessar-fogo, que, infelizmente, foi vetada mais uma vez”.

O senador se refere ao veto de resolução de cessar-fogo imediato entre Israel e Hamas, por parte dos Estados Unidos. A proposta foi recusada pela 3ª vez em votação no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) nesta 3ª feira (20.fev).

ENTENDA

O presidente Lula disse que o conflito na Faixa de Gaza é um genocídio comparável ao extermínio de judeus na Alemanha nazista.

"O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", declarou Lula a jornalistas em Adis Abeba, na capital Etiópia, no domingo (18.fev).

A comparação instaurou uma crise diplomática com Israel. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, disse que a fala é "vergonhosa" e que Lula "cruzou uma linha vermelha".

No Brasil, o petista foi criticado por entidades israelitas e opositores. No Congresso, quem é a favor do impeachment diz que Lula cometeu crime de responsabilidade na comparação feita na Etiópia. Já os governistas desqualificaram o pedido e defenderam Lula.

A fala do petista o tornou "persona non grata" em Israel. O país pede uma retratação do Brasil.