Aumentam os Sequestros Relacionados a Criptomoedas ao Redor do Mundo
As criptomoedas, frequentemente associadas a crimes virtuais, estão se tornando também alvos de crimes no mundo real.
As criptomoedas, frequentemente associadas a crimes virtuais, estão se tornando também alvos de crimes no mundo real. Segundo um relatório do Wall Street Journal, cresce o número de casos em que investidores são atacados fisicamente por quadrilhas que buscam acesso a seus ativos digitais, principalmente aqueles armazenados em "carteiras frias" — dispositivos offline que não podem ser acessados pela internet.
Conhecidos como "ataques de chave inglesa" — em referência ao uso de ferramentas simples para ameaçar e agredir as vítimas — esses crimes vêm se multiplicando em diversos países. O jornal cita dezenas de casos registrados nos últimos anos, incluindo ao menos cinco na França apenas nos últimos meses.
Entre os casos mais notórios está o da influenciadora Amouranth, uma das streamers mais populares da Twitch, que teve sua casa invadida em Houston, nos Estados Unidos, em março. Três adolescentes exigiram que ela entregasse seus criptoativos. Embora tenham conseguido levar seu laptop, os criminosos foram impedidos de acessar as moedas digitais e fugiram após a intervenção do marido da vítima, que conseguiu recuperar o aparelho.
O Wall Street Journal aponta que, além de indivíduos agindo isoladamente, quadrilhas do crime organizado também estariam por trás de ações mais violentas. Um exemplo é o caso de Remy St. Felix, um jovem de 24 anos condenado a 47 anos de prisão por liderar um grupo que roubou US$ 3,5 milhões em criptomoedas nos Estados Unidos. Os crimes incluíam invasões domiciliares com uso de armas, amarração das vítimas e coerção para transferências forçadas de ativos digitais.
As vítimas geralmente são escolhidas com base em seu comportamento online. Pessoas que ostentam riqueza ou comentam sobre investimentos em criptoativos se tornam alvos fáceis. Vazamentos de dados em plataformas de negociação, como Coinbase e Ledger, também contribuíram para a exposição de investidores. No caso da Ledger, informações de mais de 270 mil usuários, incluindo nomes, e-mails e endereços, foram divulgadas online após uma falha de segurança.
O próprio CEO da Ledger, David Balland, foi vítima de um sequestro violento. Ele e sua esposa foram mantidos reféns por quase dois dias, durante os quais os criminosos exigiram pagamentos em criptomoedas. Balland teve um dos dedos cortado, e imagens foram enviadas a executivos da empresa como forma de intimidação. O casal foi libertado após o pagamento de resgates.
Diante da escalada de violência, o ministro do Interior da França, Bruno Retailleau, reuniu-se recentemente com representantes da indústria de criptomoedas para discutir estratégias de proteção e medidas de segurança para executivos e grandes investidores do setor.