A extrema direita e as eleições de 2026

Ontem, dia 25 de Março de 2025, teve início o julgamento do ex-Presidente Bolsonaro e um grupo considerável de militares e civis, que participaram de seu governo, denunciados pela Procuradoria Geral da República por tentativa de golpe de estado, abolição violenta do estado democrático de direito e das instituições democráticas e também por vandalismo, destruição de patrimônio público e outros crimes mais.

A extrema direita e as eleições de 2026

Ontem, dia 25 de Março de 2025, teve início o julgamento do ex-Presidente Bolsonaro e um grupo considerável de militares e civis, que participaram de seu governo, denunciados pela Procuradoria Geral da República por tentativa de golpe de estado, abolição violenta do estado democrático de direito e das instituições democráticas e também por vandalismo, destruição de patrimônio público e outros crimes mais.

Todavia , mesmo com este Julgamento em curso que, em tese, poderá levar tanto Bolsonaro quanto diversos outros réus, à prisão, não podemos ignorar que a extrema direita vem crescendo e ocupando espaços políticos e nas estruturas do Poder em milhares de municípios, diversos Estados.

Tanto a extrema direita quanto a direita e centro direita tem um projeto político e de poder de curto, médio e longo prazo, para a conquista e manutenção do poder e, a partir daí converterem suas ideologias conservadoras em mudanças constitucionais e legais e em políticas públicas que irão favorecer grandes grupos econômicos e diversos setores econômicos, culturais, religiosos e políticos que aumentarão ainda mais a exclusão, as injustiças, a fome, a miséria e a violência, principalmente a violência institucional do Estado, através de seus diversos organismos repressivos e também os aparelhos ideológicos do Estado.

A extrema direita e boa parte da direita que acaba se aliando a ela, tem, na verdade dois projetos de curto e médio prazo, o primeiro é: a volta aos Palacios do Planalto e da Alvorada e aumentar a maioria que já tem no Congresso Nacional, principalmente no Senado.

E, a partir dai, o projeto de médio e longo prazo é promover Emendas Constitucionais e alterações no ordenamento jurídico infra-constitucional que transformem o Estado Brasileiro em um instrumento para as suas práticas, ja bem conhecidas, que e o chamado “estado mínimo”.

A implantação do chamado "Estado Mínimo", cujo exemplo é o que está sendo feito na Argentina e em outros países onde a extrema direita, sozinha ou em aliança com a direita tradicional, representa o sucateando os organismos de controle; acabando com as politicas públicas voltadas para o meio ambiente, para os direitos humanos e sociais, afrouxando as leis trabalhistas, aumentando a informalidade e a "uberização" e insegurança nas relações de produção e trabalho; aumentando os incentivos fiscais para os grupos privilegiados (econômicos e sociais), favorecendo os grandes grupos empresariais e as camadas privilegiadas, a turma de cima, os 1% e 5% da população brasileira, aumentando a acumulação de renda, riqueza e propriedades, e os lucros dos bancos e demais agentes financeiros, entregando ao famigerado "mercado" mais poder para aumentar a exploração dos consumidores e dos trabalhadores e trabalhadoras, aumentando a exclusão, a fome e a miséria, sucateando a educação pública, a saúde pública e a previdência, aumentando a insegurança para a população idosa, aposentados, aposentadas e pensionistas.

É sobre isso que precisamos focar, refletir e dialogar com os diversos partidos e setores de esquerda e centro, para evitar que isto venha a acontecer nas eleições de 2026 em nosso país.

Precisamos definir pautas, estratégias e táticas, amplas e não apenas de um Partido ou de “correntes” internas de um o outros partidos. Isto tem que ser feito a partir de cada território (, vizinhanças, bairros, municipios, estados e o Brasil inteiro), nas Associações de moradores, nos sindicatos, nas ONGs, nas escolas, nas universidades, nas Igrejas, nos "clubes" de serviço, nas práticas do voluntariado e, também, nos meios/veículos de comunicação tradicionais e virtuais.

As cúpulas desses partidos não podem ficar distantes das bases como atualmente acontece, acomodadas em seus cargos, funções e privilégios e só voltarem `as basses `as vesperas das eleições como fazem os partidos e políticos tradicionais, como normalmente acontece.

Voltar `as bases significa também a formação de novos quadros e militantes em todos os setores da sociedade brasileira, promover cursos básicos de formação politica, que desperte e aumente a capacidade critica não apenas desses quadros, mas também das grandes massas, evitando que as mesmas sejam manipuladas por "fake news" e pelos veículos de comunicação, inclusive virtuais.

É também importante que sejam promovidos seminários sobre temas de interesse da população refletindo de forma crítica sobre questões como Moradia Popular, saneamento básico, Racismo estrutural, igualdade de gênero, Reforma Agrária, Agricultura Sustentável/Agroecologia, Violência, criminalidade, inclusive a violência institucional/de Estado, Direitos Humanos; Questões ambientais/ecologia Integral; a questão da inflação e da perda do poder aquisitivo dos salários, principalmente do salário mínimo, a Questão dos juros e do endividamento das pessoas físicas e as taxas de juros cobrados por bancos e financeiras que chegam a mais de 200% ou até mesmo mais de 400% ao não, uma verdadeira extorsão, a Questão da Dívida Pública e o chamado equilíbrio fiscal, a necessidade de uma Auditoria internacional e independente na Divida Pública, a questão do sistema tributário, os incentivos fiscais e subsídios concedidos aos grandes grupos econômicos, tudo isso para uma análise mais atual e profunda da realidade, a partir da da conjuntura e das estruturas em cada território.

Além disso, claro, promover muitas MOBILIZAÇÕES de massa nas ruas e nao apenas virtualmente, denunciando as práticas que prejudicam o povo, a grande maioria da população onde a extrema direita e seus aliados estejam no poder: municípios e estados.

Sem esta retomada, estamos e estaremos condenados a ver este avanco da extrema direita e de seus aliados em outros partidos de direita se concretizando cada dia mais em nosso país, como já está acontecendo em diversos outros países e ai, não adianta “reclamar do leite derramado”.

Enfim, precisamos ter um Projeto Popular e Democrático de Brasil , do qual faça parte os Estados e Municípios, com Justiça Social, Equidade/melhor distribuição de renda, redução significativa dos desequilíbrios regionais, sociais, econômicos, garantido direitos humanos e cidadania para todos e todas, principalmente mais a grande maioria da população brasileira que continua excluida, marginalizada e injustiçada.

Só assim, podemos dizer que estamos a caminho de uma sociedade democrática, participativa, solidária e justa!

Juacy da Silva é professor fundador, titular e aposentado Universidade Federal de Mato Grosso, Sociólogo, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia integral Região Centro Oeste. Email [email protected] Instagram @profjuacy

* A opinião do articulista não reflete necessariamente a opinião do PNB Online