Nisia por Nisia
Encontrei o Ministério da Saúde desmontado e desacreditado.
Encontrei o Ministério da Saúde desmontado e desacreditado. Ele perdera sua autoridade de coordenar o SUS após a terrível experiência das 700 mil mortes por Covid-19 na pandemia. Durante nosso trabalho de reconstrução, encontramos mais de 4,5 mil UBS instaladas que aguardavam o credenciamento havia quatro anos, mais de 4 mil obras paralisadas, inúmeros leitos de UTI não cadastrados, entre tantas outras mazelas deixadas pela gestão passada.
A tarefa de reconstrução do SUS envolveu avanços e inovação. Assim, mais que dobramos o Mais Médicos com novos incentivos, ampliamos o Farmácia Popular, investimos no Samu para cobrir 100% do país até 2026, incluindo helicópteros — algo que se mostrou providencial na catástrofe no Rio Grande do Sul —, reestabelecemos o cuidado do Governo Federal com a saúde indígena e estruturamos o Mais Acesso a Especialistas, integrando SUS Digital, Saúde da Família e Programa de Redução de Filas, entre outros avanços fundamentais.
Na vacinação, revertemos a tendência de queda dos oito anos anteriores, ampliando a cobertura de 15 das 16 vacinas infantis, reconquistamos o certificado de país livre do sarampo e retiramos o Brasil da vergonhosa lista de países que menos vacinam suas crianças. Em 2025, reduzimos em mais de 60% o número de casos de dengue em comparação ao mesmo período do ano passado.
Deixamos frutos que amadurecem: só nestes primeiros meses do ano, anunciamos o recorde histórico de cirurgias no SUS — 14 milhões — , a parceria com o Instituto Butantan para a vacina nacional contra a dengue, o Farmácia Popular 100% gratuito, a reestruturação dos hospitais federais, o investimento recorde em laboratórios públicos e a incorporação e produção da vacina contra a bronquiolite, uma das principais causas de infecções respiratórias graves, que irá proteger cerca de 2 milhões de bebês em seus primeiros meses de vida.
Os frutos da saúde amadurecem com o tempo e a consistência. Certamente, o ministro Alexandre Padilha saberá dar continuidade e aprimorar esse trabalho com a competência que já demonstrou, renovando o plantio. Agradeço pelas muitas manifestações de apoio de tantas pessoas que, em suas áreas, se dedicam a construir um país melhor. Agradeço ao presidente Lula pela oportunidade e à equipe do Ministério da Saúde pelo trabalho incansável.
Reconstruímos porque avançamos, mesmo diante de imensos desafios. Saio com a certeza de dever cumprido, como alguém que se dedicou e estudou o Brasil e suas desigualdades, e enfrentou tantos desafios, desde a Presidência da Fiocruz, em uma oportunidade única de servir ao meu país e contribuir com a saúde da população e o fortalecimento do SUS.
Nisia Trindade é ex-ministra da Saúde, ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), socióloga e professora
* A opinião do articulista não reflete necessariamente a opinião do PNB Online