Bolsonaro quer intervenção de Trump e do Congresso

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi denunciado criminalmente nesta terça-feira (18/2) pela Procuradoria-Geral da República (PGR), acusado de ter liderado um plano de golpe de Estado após ter perdido a eleição de 2022 para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Bolsonaro quer intervenção de Trump e do Congresso

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi denunciado criminalmente nesta terça-feira (18/2) pela Procuradoria-Geral da República (PGR), acusado de ter liderado um plano de golpe de Estado após ter perdido a eleição de 2022 para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Agora, a Primeira Turma do Superior Tribunal Federal (STF), formada por cinco membros da Corte, vai analisar se aceita a denúncia e abre um processo contra o ex-presidente — mas não há um prazo para essa decisão.

Integram essa Turma os ministros Alexandre de Moraes (relator do caso), Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

A PGR pede que Bolsonaro responda pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

Em nota, a defesa de Bolsonaro afirmou que “não há qualquer mensagem do Presidente da República que embase a acusação, apesar de uma verdadeira devassa que foi feita em seus telefones pessoais”, e classificou a peça da PGR como “inepta” e “baseada numa única delação premiada”.

Foto: Agência Brasil

Na denúncia, o Ministério Público Federal aponta a verdade em um ponto essencial: a invasão e destruição das sedes dos Três Poderes em Brasília no dia 8 DE JANEIRO FOI PARTE DO PLANO GOLPISTA. A massa de bolsonaristas foi mobilizada para um ato de violência que pudesse criar um clima favorável à intervenção militar planejada. O ato foi planejado, um passo importante para a efetivação do golpe. Portanto, a anistia para os envolvidos diretamente nos atos de 8 de janeiro não pode ser aprovada sem que os líderes diretos na tentativa do golpe sejam julgados.

Bolsonaro conta com duas ações políticas para escapar da Justiça brasileira. A primeira é a leniência e a complacência Congresso brasileiro, dominado hoje por uma ampla maioria de direita passível de ser influenciada pela extrema direita bolsonarista. O ex-presidente aposta na aprovação da anistia para a massa bolsonarista usada na destruição do dia 8 de janeiro, o que poderia beneficiá-lo.

O ex-presidente já se reuniu com congressistas da direita e extrema direita nesta terça-feira em Brasília, antes da apresentação da denúncia, para buscar o apoio de partidos do centrão para duas propostas legislativas que podem indiretamente beneficiá-lo. Uma delas é perdoar as condenações criminais dos envolvidos nos atos golpistas. Há alguns projetos de lei com esse teor tramitando no Congresso, e o mais avançado aguarda a instalação de uma comissão especial na Câmara para ser analisado.

A outra saída para reverter a sua situação de denunciado e inelegível é um sonho americano: Bolsonaro acredita que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, líder mundial da extrema direita, possa influenciar as instituições legais do Brasil e transformar o processo numa pizza legal. Bolsonaro sonha com o poder externo de Trump para livrá-lo da condenação e para habilitá-lo a disputar a eleição de 2026. O Mito acredita que os ministros do STF serão intimidados pelo porrete de Trump. O sonho que Bolsonaro sonha acordado todos os dias, que o presidente dos Estados Unidos vá ocupar o seu tempo para ajudá-lo, num gesto de solidariedade entre líderes da extrema direita.

Do Buraco da Memória, assista ao ensaio audiovisual científico sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro.