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Stellantis quer vender ao menos 60 mil híbridos no Brasil em 2025

A Stellantis, maior montadora de automóveis do país, quer vender ao menos 60.


Foto: Sergio Lima - Poder360

A Stellantis, maior montadora de automóveis do país, quer vender ao menos 60.000 carros híbridos em 2025. A projeção é baseada nas vendas dos 2 primeiros carros híbridos do grupo no país: os Fiat Pulse e Fastback.

Segundo o presidente da empresa no Brasil, Emanuele Cappellano, hoje, 70% dos pedidos dos 2 modelos já são com o motor híbrido. Somadas as vendas de ambos, foram 87.335 unidades em 2024, segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

Se a marca repetir os números do ano passado, seriam 61.134 no total. No entanto, a expectativa da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) aponta para um crescimento de 4% a 5% neste ano.

“[O custo extra da hibridização é] R$ 2.000. É uma tecnologia que, em termos de consumo, se paga em menos de 1 ano. Em poucos meses de utilização já se nota uma economia no consumo e na despesa”, disse Cappellano em entrevista ao Poder360.

Assista à íntegra (19m46s):

Capellano tem 49 anos, e preside a montadora que reúne a Fiat, a Jeep e a Peugeot-Citroen desde 2023. Antes, foi diretor para a América do Sul da Fiat Chrysler.

Ele vai liderar um ciclo de investimentos de R$ 30 bilhões no Brasil até 2030. Desses, R$ 13 bilhões vão para a planta de Goiana (PE), e R$ 14 bilhões para Betim (MG). O restante, para as operações das marcas do grupo no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.

Capellano é crítico da política de cotas de isenção para importação de carros elétricos do governo federal. Segundo ele, pode prejudicar a saúde concorrencial do setor no Brasil. “Pode criar distorções. É fundamental que isso seja controlado e eventualmente corrigido, se necessário”, disse.

Ainda assim, acredita que o programa Mover, aprovado em 2024 depois de negociações tocadas pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, está no caminho certo.

Fundamentalmente, o Mover estabelece algumas metas de redução de emissões, sem definir quais tecnologias precisam ser utilizadas. Às vezes, o governo ajuda a indústria a tomar decisões corajosas para investir. Não é por acaso que, além das Stellantis, quase todas as montadoras anunciaram um novo ciclo de investimento. Pode ter flutuação de demanda, mas o caminho é positivo e a gente chega com otimismo”, disse.

Leia trechos da entrevista:

Poder360 – A Stellantis anunciou investimento de R$ 32 bilhões no Brasil de 2025 até 2030. Estamos em 2025. Qual o primeiro investimento?
Emanuele Cappellano – Não existe um primeiro. É um monte de investimento em todas as nossas plantas no Brasil e na América do Sul. Temos 5 plantas, das quais 3 estão no Brasil. Vamos trazer novas tecnologias relacionadas à hibridização dos carros, além de novos produtos, motores e versões.

Segundo Emanuelle Capellano, o Brasil vai receber investimentos de R$ 30 bilhões da montadora até 2030 com foco na hibridização dos motores

Os R$ 32 bilhões vão ser investidos só no Brasil ou em todas as 5 plantas da Stellantis no continente?
A maioria é no Brasil. Dos R$ 32 bilhões, R$ 30 bilhões ficam no Brasil.

Quanto será investido em cada planta?
Serão R$ 13 bilhões em Pernambuco e R$ 14 bilhões nas plantas em Betim, onde temos também o centro de engenharia e desenvolvemos carros. O valor restante vai para o Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Quando a Stellantis foi para Pernambuco, o governo estadual prometeu um anel viário, que nunca foi construído. O investimento que vocês pretendem fazer depende da contrapartida do governo estadual?
Não. Independe do anel viário. Mas é fundamental aumentar o nível de competitividade nos nossos carros. O anel viário seria fundamental para a indústria e para o custo do carro.

A maior parte do investimento vai focar na hibridização. Quais tipos de híbridos serão o foco?
Hoje existem várias tecnologias de hibridização, e todas servem à descarbonização. A estratégia da Stellantis na região é a flexibilidade, trazendo plataformas de veículos que sejam flexíveis e possíveis de adaptar aos carros tradicionais. É fundamental porque a velocidade de adoção da tecnologia é diferente nas regiões do país. Por isso o nosso foco é desenvolver tecnologias de hibridização no Brasil, no nosso centro de engenharia, com fornecedores brasileiros. Tudo isso estimula a competitividade e significa maior acessibilidade para os consumidores e adaptação à infraestrutura da região.

A Toyota tem motores híbridos no Brasil para alguns modelos do Corolla. Qual é a diferença da tecnologia que a Stellantis está trazendo?
Em novembro do ano passado lançamos os primeiros carros híbridos, o Fiat Fastback e o Pulse. São tecnologias totalmente desenvolvidas no Brasil por brasileiros. Acredito que a tecnologia da Toyota seja importada do Japão. É um híbrido, tem uma carga de bateria e autonomia maior. Faz parte das tecnologias que vão ser introduzidas pela Stellantis nesse novo ciclo. Eu diria, fundamentalmente, que é uma questão de custo, acessibilidade de carros e oferta para o cliente. Teremos várias opções de hibridização, com diversos custos e entrega.

O Pulse e o Fastback são carros mais leves. Qual a redução de emissão e consumo que eles oferecem?
Hoje falamos de uma eficiência de consumo de aproximadamente 10% a 12% oficialmente, mas, no ciclo urbano, chega a 20% e 25%. Essa é uma tecnologia híbrida extremamente barata.

Qual o custo extra para produzir um carro com essa tecnologia?
R$ 2.000. É uma tecnologia que, em termos de consumo, se paga em menos de 1 ano. Em poucos meses de utilização já se nota uma economia no consumo e na despesa.

Esses são carros de entrada. Qual a previsão de venda para 2025?
Estamos vendendo um mix extremamente alto dessa tecnologia. Hoje 70% dos Pulse e Fastback produzidos em nossa planta de Betim são demandados com a tecnologia Bio-Hybrid. [Em 2024, foram vendidos 35.538 Fastback e 26.971 Pulse].

A partir de quando a Stellantis vai produzir exclusivamente motores híbridos ou elétricos?
Temos um roadmap de adoção gradativa de tecnologias. Este é o primeiro passo. Ao longo de 2025 haverá um novo lançamento. O roadmap vai até 2030 para ter todas as tecnologias disponíveis no nosso line up de carros.

O Brasil produz etanol desde os anos 70 e já tem toda a infraestrutura espalhada pelo país. É diferente de países europeus ou dos Estados Unidos, dependentes das energias fósseis. O processo de hibridização e eletrificação será mais lento no Brasil?
Eu acho que vai ser gradativo. E o etanol é um grandíssimo ponto de força do Brasil. As emissões de uma tecnologia híbrida flex são comparáveis a um modelo elétrico puro na Europa e Estados Unidos. A adoção da motorização híbrida de etanol é uma vantagem competitiva. Com um custo relativamente baixo, é possível entregar uma eficiência que não está aquém das outras regiões. É importante, dada a realidade do Brasil, adotar tecnologias consistentes com a matriz energética do país. A hibridização vai continuar, mas não precisa forçar a adoção de uma eletrificação 100%. Não existem fornecedores suficientes de baterias.

O presidente da Stellantis diz que o futuro dos combustíveis no Brasil passa pela hibridização de motores elétricos e a combustão movidos a etanol

E todas são importadas da China.
Todas. É fundamental buscar soluções acessíveis e adaptadas à realidade local. Temos tecnologias de ponta desenvolvidas localmente por engenheiros brasileiros. Isso é um ponto de força para estimular a indústria do país.

O governo brasileiro tem cotas de isenção de tributos na importação de elétricos. O maior foco está na importação da China. Como esse benefício impacta o mercado automobilístico?
A indústria automotiva precisa de previsibilidade a longo prazo para investir, ter fornecedores e estimular o emprego. É fundamental que os estímulos do governo sejam orientados a desenvolver a indústria local. Que a competição seja igual entre os competidores do mercado. Tudo que é em favor da concorrência saudável, é muito bem visto.

Estímulo à importação não costuma influenciar a indústria local.
Pode criar distorções. É fundamental que isso seja controlado e eventualmente corrigido, se necessário.

Houve mudança no cenário econômico desde que vocês anunciaram os investimentos. Muda alguma coisa?
Neste momento, não muda nada. A Stellantis acredita muito no país e na América do Sul. Temos mais de 50 anos no país e acreditamos no desenvolvimento. A política que o governo está perseguindo em relação à indústria automotiva é muito abrangente. Tem visão para o futuro. Fundamentalmente, o Mover, aprovado no ano passado, estabelece algumas metas de redução de emissões, sem definir quais tecnologias precisam ser utilizadas.Às vezes, o governo ajuda a indústria a tomar decisões corajosas para investir. Não é por acaso que, além das Stellantis, quase todas as montadoras anunciaram um novo ciclo de investimento. Pode ter flutuação de demanda, mas o caminho é positivo e a gente chega com otimismo.

A produção de veículos cresceu 9,6% em 2024. Quanto a Stellantis avalia que vai crescer em 2025?
A Anfavea fala de 4% a 5%. Podem existir limitadores, como a taxa de juros, mas, em geral, há uma demanda reprimida. A gente segue um pouco a visão da Anfavea.

1 a cada 4 brasileiros tem carro, menos que na Europa e Estados Unidos. Tem como aumentar a proporção?
Esse é um ponto interessante porque é 1 carro a cada 4 pessoas ante 1 carro por pessoa na média nos Estados Unidos e Europa. Significa que existe potencial de população que não tem acesso a carros novos. É fundamental que sejam acessíveis para os consumidores e por isso é difícil pensar em importar tecnologia. Nós precisamos estimular a indústria a ser mais competitiva internamente, e projetar carros que levem em consideração a realidade do Brasil.

Aproximadamente 40% das compras de carros usam financiamento. Como os juros impactam esse mercado?
Potencialmente pode impactar. Os 4% ou 5% de crescimento da Anfavea já consideram um pequeno aumento nos juros. Juros e câmbio afetam a demanda.

Em 10 ou 15 anos, qual deve ser a principal matriz de combustíveis usados no Brasil?
O futuro está se tornando o presente. Podemos ter dúvida sobre qual tipo de tecnologia vai ser a mais utilizada. Eu acho que a hibridização é um caminho sem volta. A descarbonização é uma exigência. Não há futuro sem ela. Mas a forma de chegar lá vai depender dos pontos de força do Brasil e das políticas do governo. Acredito numa hibridização forte baseada no etanol. E, no futuro, uso maior de bateria.

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