Famílias denunciam falta de cuidadores para alunos com deficiência na rede estadual
Pais e responsáveis por alunos com deficiência denunciam a ausência de cuidadores e professores de apoio especializado nas escolas da rede estadual de Mato Grosso.
Pais e responsáveis por alunos com deficiência denunciam a ausência de cuidadores e professores de apoio especializado nas escolas da rede estadual de Mato Grosso. Desde o início do ano letivo, no dia 3 de fevereiro, estudantes que dependem desses profissionais estão sem o suporte necessário, impossibilitadas de frequentar as aulas.
Segundo relatos, mesmo com laudos médicos aprovados pela Diretoria Metropolitana de Ensino, alunos que deveriam ter acompanhamento especializado ainda não receberam a assistência devida.
Leia também: Mães atípicas denunciam ausência de CADs em escolas de Cuiabá
O Professor de Apoio Pedagógico Individualizado (PAPI) é um pedagogo responsável por acompanhar alunos com deficiência intelectual e transtornos específicos, como autismo. Para ter direito a esse profissional, o estudante precisa apresentar um laudo médico com a Classificação Internacional de Doenças (CID). No entanto, outras condições, como Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), não garantem esse suporte.
Já os alunos que não se enquadram nos critérios para o PAPI podem ser encaminhados para uma sala de recursos, um ambiente especializado que oferece materiais e metodologias adaptadas às necessidades de cada estudante. No entanto, nem todas as escolas da rede estadual possuem essa estrutura, o que compromete o atendimento adequado.
“Aqueles que têm direito ao professor de apoio continuam sem acompanhamento, mesmo após o parecer favorável da Diretoria Metropolitana de Ensino. Sei de três processos já avaliados e aprovados, e até agora os professores não foram encaminhados. Esses alunos sequer estão frequentando as aulas”, relatou uma mãe.
Além da falta de professores de apoio, as famílias denunciam também a ausência de cuidadores escolares, profissionais responsáveis por auxiliar alunos com deficiência nas atividades do dia a dia, como locomoção, higiene e alimentação.
Diferente do PAPI, o cuidador não oferece suporte pedagógico, mas desempenha um papel fundamental na inclusão escolar de crianças com mobilidade reduzida ou outras necessidades específicas.
Caroline Brandão é mão atípica e enfrenta essa dificuldade com sua filha cadeirante. “Minha filha é cadeirante, tem o cognitivo preservado, mas precisa de um cuidador para auxiliá-la na higiene pessoal durante o período escolar. Além disso, ela necessita do professor auxiliar dentro da sala de aula. Todos os anos enfrentamos essa mesma dificuldade. Apesar de a escola já ter todos os laudos e informações do aluno, a Seduc nos sujeita a essa situação humilhante e desgastante.”
A falta desses profissionais já foi confirmada em várias unidades de ensino, como a Escola Estadual José Leite de Moraes, Escola Estadual Fernando Leite de Campos e Escola Estadual Pedro Gardés, todas em Várzea Grande.
“Todos os anos enfrentamos essa situação com a Seduc. Precisamos implorar por algo que é nosso por direito e que a Seduc tem ciência da necessidade”, desabafou Caroline.
Outro lado
A Seduc-MT, por meio da assessoria de imprensa, informou que deve emitir nota sobre as denúncias. Até a publicação da matéria não houve posicionamento. O PNB Online informa que o espaço segue aberto.