Antes de virarem polêmica: Voos com deportados brasileiros algemados, seguindo o protocolo oficial de segurança, aconteceram 32 vezes desde 2023
Imagem ilustrativa por White House/press Sec officialBRASÍLIA, 26 de janeiro — De acordo com dados da BH Airport, responsável pelo aeroporto de Confins, em Minas Gerais, o estado recebeu desde 2023, 3.
BRASÍLIA, 26 de janeiro — De acordo com dados da BH Airport, responsável pelo aeroporto de Confins, em Minas Gerais, o estado recebeu desde 2023, 3.660 brasileiros (ilegais) deportados em 32 aviões fretados pelo governo americano, todos transportados algemados conforme a norma padrão de segurança para deportações (medida oficial deste transporte).



O tema ganhou destaque na mídia nacional quando o último desses aviões, que chegou ao Brasil em 24 de janeiro, gerou polêmica e passou a ser interpretado pelo governo brasileiro como uma demonstração de desrespeito em relação à medida de segurança que determina o transporte dos deportados — muitos deles com histórico criminal já confirmado — algemados durante o trajeto.
O voo em questão e o tratamento dado aos deportados estão sendo atribuídos à responsabilidade do recém-empossado presidente americano Donald Trump, que assumiu o cargo apenas quatro dias antes da chegada do avião.
O ministro Ricardo Lewandoski, que assumiu o Ministério da Justiça em 11 de janeiro de 2024 e está próximo de ser substituído por um nome do Centrão, após 18 voos com brasileiros deportados desde a sua posse, disse oficialmente que as algemas seriam "um desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros".
O ministro determinou que uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) concluísse o transporte dos brasileiros deportados no trecho entre Manaus, onde o avião parou no Brasil, e Belo Horizonte, no aeroporto que já recebeu, sem maiores problemas, 32 voos com deportados apenas durante este governo.
Segundo relatos dos brasileiros que estavam no voo, os quais denunciaram agressões por parte da equipe de imigração americana, os deportados chegaram a abrir por conta própria a porta de emergência da aeronave na chegada ao aeroporto de Manaus.
Já em Minas Gerais, os brasileiros deportados foram recebidos pela ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, que qualificou publicamente o uso de algemas como uma "violação dos direitos dos brasileiros" e considerou como "muito graves" as denúncias de agressões.
A situação, que começou em 2019, já foi comentada até pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que em 2020, durante uma viagem à Índia, afirmou publicamente, ao ser questionado sobre o uso de algemas e correntes nos pés em um voo recém-chegado no Brasil, que "obviamente, nós não faríamos isso com ninguém, saindo do Brasil para qualquer país".
A utilização das algemas é justificada desde o início como um método de segurança, visando garantir que a tripulação não seja atacada e o voo não seja colocado em risco.
Outra crítica do governo brasileiro foi em relação ao ar-condicionado da aeronave, que, segundo os deportados, estava em pane durante o voo.
Relevante: Há pouco, o presidente colombiano Gustavo Petro anunciou em suas redes sociais que a Colômbia ordenou o retorno de voos de deportação provenientes dos Estados Unidos que estavam sendo realizados em aviões militares (não é o caso no Brasil).
Un migrante no es un delincuente y debe ser tratado con la dignidad que un ser humano merece.
Por eso hice devolver los aviones militares estadounidenses que venían con migrantes colombianos.
No puedo hacer que los migrantes queden en un país que no los quiere; pero si ese paísâ?¦ https://t.co/U1MmWrNio1
— Gustavo Petro (@petrogustavo) January 26, 2025
Vale destacar que a decisão de deportação é irreversível e quando os deportados não são enviados nos aviões previstos pelos acordos, ficam detidos por longos períodos, sendo esse o motivo que justificou a criação dos acordos de transporte, os quais são custeados pelo próprio governo americano.
(Matéria em atualização)