Estudo Liga Alimentos Ultraprocessados a Aumento de 25% no Risco de Morte por Parkinson

Um estudo envolvendo mais de 400.

Foto: Gazeta Brasil

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Um estudo envolvendo mais de 400.000 pessoas revela que indivíduos que consomem grandes quantidades de alimentos ultraprocessados, como refeições prontas, apresentam uma probabilidade cerca de 25% maior de morrer de doença de Parkinson. Além disso, consumidores de alimentos ultraprocessados têm 10% menos chances de sobreviver a um derrame ou ataque cardíaco. Independentemente de condições subjacentes, o consumo elevado de comida ultraprocessada aumenta o risco de morte precoce em 4%. No entanto, substituir parte da ingestão diária de junk food por frutas e vegetais pode reduzir o risco de morte por todas as causas em 6%.

O estudo acompanhou europeus de nove países, com idades entre 35 e 74 anos, por quase 16 anos, analisando suas dietas e resultados de saúde. Publicado no The Lancet Regional Health – Europe, os pesquisadores afirmaram que seus resultados fornecem evidências adicionais sobre os benefícios potenciais de consumir menos ultraprocessados. Eles recomendaram promoções direcionadas ao consumo de alimentos não processados/minimamente processados enquanto desencorajam alimentos altamente processados nas diretrizes alimentares.

Alimentos ultraprocessados, como salgadinhos, bolos comprados em lojas, biscoitos e algumas carnes frias embaladas, costumam ser carregados com altos níveis de sal, açúcar, corantes industriais, intensificadores de sabor, emulsificantes e conservantes. Estes alimentos frequentemente passam por múltiplos processos industriais, o que degrada sua estrutura física, acelerando sua absorção na corrente sanguínea. Isso pode elevar o nível de açúcar no sangue, reduzir a saciedade e danificar o microbioma, essencial para a saúde. Aditivos alimentares, como adoçantes não nutritivos, amidos modificados, gomas e emulsificantes, foram ligados a inflamações intestinais e respostas hormonais que podem aumentar o risco de ataque cardíaco e derrame.

Os resultados mais notáveis do estudo foram o aumento de 23% no risco de morte por doença de Parkinson para aqueles que consomem níveis acima da média de alimentos ultraprocessados. Apesar de não causar a morte diretamente, Parkinson — que provoca a morte de células nervosas no cérebro, resultando em problemas de movimento — coloca grande desgaste no corpo, tornando-o vulnerável a infecções mortais. Uma dieta rica em ultraprocessados também aumentou o risco de morte por doenças digestivas em 12% e elevou as chances de mortalidade por problemas cardiovasculares entre 5% a 9%. Os resultados foram consistentes, mesmo excluindo o consumo de álcool dos participantes. Contudo, não foi encontrada ligação entre consumo de ultraprocessados e risco aumentado de morte por câncer e Alzheimer.

Uma parte separada do estudo estimou os efeitos de substituir 10% dos ultraprocessados por alimentos não processados, como frutas e vegetais. A troca reduziu em 22% as chances de morte por Parkinson, em 18% por doenças digestivas, em 13% por derrame e em 11% a 12% por problemas cardíacos. O estudo baseou-se em dados de 428.728 pessoas, majoritariamente mulheres (70%). Informações dietéticas foram coletadas através de múltiplas pesquisas que visavam conhecer o que os participantes tinham consumido no último ano. As dietas foram classificadas pela quantidade de ultraprocessados consumidos.

Entre os países avaliados, a Noruega teve o maior consumo médio de ultraprocessados, com pratos prontos e pizzas congeladas representando quase 23% de todo o consumo alimentar. O Reino Unido ficou em segundo, seguido pela Alemanha. Em contraste, a França apresentou o menor consumo de ultraprocessados, seguida pela Espanha e Itália.

Como em pesquisas similares, este estudo é observacional, ou seja, não pode provar que os ultraprocessados foram diretamente responsáveis pelos resultados de saúde. Os dados dietéticos dos participantes foram registrados apenas no início do estudo, o que significa que suas dietas podem ter mudado desde então, influenciando os resultados. Este estudo segue uma revisão importante do ano passado que associou o consumo elevado de ultraprocessados ao aumento do risco de 32 problemas de saúde, incluindo câncer, diabetes tipo 2 e distúrbios mentais. Os ultraprocessados são considerados um fator chave no aumento da obesidade. O debate sobre a responsabilidade direta dos ultraprocessados na saúde continua, com especialistas destacando que o termo ‘comida ultraprocessada’ não faz distinção entre refeições prontas carregadas de gorduras e pães integrais que, embora ultraprocessados, têm benefícios à saúde.