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América Latina

Maduro anuncia prisão de 7 "mercenários estrangeiros" antes da posse

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda), afirmou nesta 3ª feira (7.


Foto: Poder360

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda), afirmou nesta 3ª feira (7.jan.2025) que o país capturou 7 “mercenários estrangeiros”, incluindo 2 cidadãos norte-americanos. O anúncio se deu a poucos dias de sua posse para um 3º mandato, que será realizada na 6ª feira (10.jan).

Segundo o chavista, os norte-americanos detidos são de “patente muito alta”. O restante do grupo seria formado por 2 colombianos e 3 ucranianos, mas suas identidades não foram reveladas. As declarações foram feitas em um pronunciamento à televisão estatal.

O anúncio se dá em um clima de tensão na Venezuela. O CNE (Conselho Nacional Eleitoral), alinhado ao governo chavista, declarou a vitória de Maduro nas eleições de 28 de julho. A oposição alega que houve fraude eleitoral e diz que o vencedor foi Edmundo González Urrutia (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita).

González disse que voltará à Venezuela para a posse de Maduro na 6ª feira (10.jan). O opositor fez um tour para acusar o governo de fraude –esteve na Argentina, Uruguai e Estados Unidos nos últimos dias. Autoridades venezuelanas disseram que González seria preso caso "encostasse o dedo" no país.

O governo disse que terá 1.200 militares na segurança reforçada durante a posse de Maduro, de forma a evitar qualquer articulação da oposição. Não se sabe como as tensões na Venezuela podem escalar com os protestos da população e as prisões políticas e violência governista.

VENEZUELA SOB MADURO

A Venezuela vive sob uma autocracia chefiada por Nicolás Maduro, 61 anos. Não há liberdade de imprensa. Pessoas podem ser presas por "crimes políticos". A OEA publicou nota em maio de 2021 (PDF – 179 kB) a respeito da "nomeação ilegítima" do Conselho Nacional Eleitoral.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos relatou abusos em outubro de 2022 (PDF – 150 kB), novembro de 2022 (PDF – 161 kB) e março de 2023 (PDF – 151 kB). Relatório da Human Rights Watch divulgado em 2023 (PDF – 5 MB) afirma que 7,1 milhões de venezuelanos fugiram do país desde 2014.

Maduro nega que o país viva sob uma ditadura. Diz que há eleições regulares e que a oposição simplesmente não consegue vencer.

As eleições presidenciais realizadas em 28 de julho de 2024 são contestadas por parte da comunidade internacional. A principal líder da oposição, María Corina, foi impedida em junho de 2023 de ocupar cargos públicos por 15 anos. O Supremo venezuelano confirmou a decisão em janeiro de 2024. Alegou "irregularidades administrativas" que teriam sido cometidas quando era deputada, de 2011 a 2014, e por "trama de corrupção" por apoiar Juan Guaidó.

Corina indicou a aliada Corina Yoris para concorrer. No entanto, Yoris não conseguiu formalizar a candidatura por causa de uma suposta falha no sistema eleitoral. O diplomata Edmundo González assumiu o papel de ser o principal candidato de oposição.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo governo, anunciou em 28 de julho de 2024 a vitória de Maduro. O órgão confirmou o resultado em 2 de agosto de 2024, mas não divulgou os boletins de urnas. O Tribunal Supremo de Justiça venezuelano, controlado pelo atual regime, disse em 22 de agosto de 2024 que os boletins não serão divulgados.

O Centro Carter, respeitada organização criada pelo ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, considerou que as eleições na Venezuela "não foram democráticas". Leia a íntegra (em inglês – PDF – 107 kB) do comunicado.

Os resultados têm sido seguidamente contestados pela União Europeia e por vários países individualmente, como Estados Unidos, México, Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai. O Brasil não reconheceu até agora a eleição de Maduro em 2024, mas tampouco faz cobranças mais duras como outros países que apontam fraude no processo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a dizer não ter visto nada de anormal no pleito do país.

A Human Rights Watch criticou os presidentes Lula, Gustavo Petro (Colômbia) e Andrés Manuel López Obrador (México) em agosto de 2024. Afirmaram em carta enviada aos 3 ser necessário que reconsiderem suas posições sobre a Venezuela e criticaram as propostas dos líderes para resolver o impasse, como uma nova eleição e anistia geral. Leia a íntegra do documento (PDF – 2 MB).

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