A Rússia prometeu neste sábado (4) "represálias" contra a Ucrânia, após afirmar que as forças de Kiev dispararam na véspera mísseis norte-americanos do tipo ATACMS, um ataque que Moscou considera uma “linha vermelha” no conflito.
"Essas ações do regime de Kiev, apoiadas por seus guardiões ocidentais, serão alvo de represálias", declarou o exército russo em comunicado.
Nas últimas semanas, o presidente russo, Vladimir Putin, havia ameaçado atacar o centro de Kiev como resposta ao uso dos mísseis ATACMS pelos ucranianos ou dos Storm Shadow britânicos. Apesar das declarações, essa retaliação ainda não foi realizada.
No sábado, o exército russo afirmou ter derrubado "oito mísseis ATACMS" lançados contra a região de Bélgorod, que faz fronteira com a Ucrânia, além de "72 drones" enviados pelas forças ucranianas. Moscou não informou, até o momento, se o ataque deixou vítimas ou danos materiais.
Venda de armas e escalada no conflito
O governo de Joe Biden autorizou em novembro o uso dos mísseis ATACMS por Kiev. A decisão ocorreu após relatos, segundo países ocidentais e a Ucrânia, de que milhares de soldados norte-coreanos estariam apoiando as forças russas.
Desde então, a Ucrânia tem conduzido diversos ataques com mísseis ATACMS de longo alcance, bem como com os Storm Shadows fornecidos pelo Reino Unido. Como resposta, a Rússia anunciou o uso de uma arma experimental hipersônica chamada "Oreshnik" e prometeu reagir a cada ataque semelhante.
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que assumirá a Casa Branca em 20 de janeiro, declarou-se "firmemente" contra o uso dos mísseis ATACMS pelo exército ucraniano, alegando que isso agravaria o conflito.
Acusações mútuas e avanços militares
Desde o início do ano, Kiev e Moscou têm se acusado mutuamente de ataques fatais contra civis. No sábado, um ataque russo a uma vila na região de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, matou um homem de 74 anos, segundo o governador regional, Oleg Sinegubov.
Por outro lado, o exército russo anunciou a captura da pequena cidade de Nadiia, localizada na região de Lugansk, no leste da Ucrânia. Trata-se da primeira conquista russa na área em muito tempo, já que Donetsk continua sendo o principal palco de combates entre as forças dos dois países.
Nadiia, uma pequena aldeia, foi ocupada pela Rússia no início da guerra e recuperada pela Ucrânia em outubro de 2022. Atualmente, os combates mais intensos ocorrem em Donetsk, onde tropas russas tentam cercar a cidade de Pokrovsk, um importante bastião ucraniano.
Segundo o Estado-Maior russo, suas tropas teriam conquistado cerca de 4.500 quilômetros quadrados em 2024. No entanto, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) acredita que esses números são exagerados. De acordo com a instituição, a Rússia ainda precisaria conquistar aproximadamente 8.000 quilômetros quadrados para controlar toda a região de Donetsk.
(Com informações da AFP e EFE)
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