Estudo Revela que Animais Também Consomem Álcool e Sofrem Efeitos Comportamentais

Pesquisas da Universidade de Exeter, lideradas pela ecóloga comportamental Kimberley Hockings, mostram que o consumo de álcool não é exclusivo dos humanos.

Foto: Gazeta Brasil

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Pesquisas da Universidade de Exeter, lideradas pela ecóloga comportamental Kimberley Hockings, mostram que o consumo de álcool não é exclusivo dos humanos. Animais como chimpanzés, elefantes e moscas-da-fruta ingerem etanol naturalmente presente em frutas e seivas fermentadas, o que influencia seus comportamentos sociais e de acasalamento.

O estudo, publicado na revista científica Trends in Ecology & Evolution, revela que o etanol é produzido naturalmente em quase todos os ecossistemas da Terra. O aparecimento de plantas com flores e frutos ricos em açúcares há cerca de 100 milhões de anos fez com que o etanol se tornasse uma substância comum no ambiente, disponível para muitas espécies. "Estamos abandonando a visão antropocêntrica de que o álcool é consumido apenas por humanos; na verdade, o etanol é bastante abundante na natureza", afirma Hockings.

Essa tolerância ao etanol é uma adaptação evolutiva em algumas espécies, como os chimpanzés de Guiné, que consomem seiva fermentada de palmeiras, e os elefantes de Botswana, que ingerem frutas marula maduras. Em alguns casos, essa exposição leva à embriaguez, alterando o comportamento dos animais, como nas aves ampelis, que, após consumir frutas fermentadas, perdem o controle do voo e colidem com obstáculos.

O estudo explora ainda como o consumo de etanol impacta o comportamento reprodutivo de algumas espécies. As moscas-da-fruta, por exemplo, consomem alimentos fermentados após rejeição na escolha de parceiros, enquanto outras moscas se tornam menos seletivas para acasalamento depois de ingerir etanol. Essa reação ao etanol destaca a influência dessa substância na vida social e reprodutiva animal, abrindo caminho para novas pesquisas sobre o papel ecológico do álcool.

Para os pesquisadores, a relação entre os animais e o consumo de etanol nos faz reavaliar os vínculos entre as espécies e seus ecossistemas. "Os humanos não bebem sozinhos", conclui o estudo, sugerindo que o etanol representa uma oportunidade evolutiva e uma defesa para certas espécies.