Queimadas causam R$ 2,3 bilhões de prejuízo ao agro em MT
As propriedades rurais de Mato Grosso sofreram um prejuízo estimado em R$ 2,3 bilhões entre junho e agosto de 2024, em decorrência dos incêndios recordes que atingiram o estado.
As propriedades rurais de Mato Grosso sofreram um prejuízo estimado em R$ 2,3 bilhões entre junho e agosto de 2024, em decorrência dos incêndios recordes que atingiram o estado. A estimativa foi divulgada nesta quinta-feira (26.09) pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O levantamento aponta que Mato Grosso é o segundo estado mais afetado, ficando atrás de São Paulo, que registrou um prejuízo de R$ 2,8 bilhões.
No total, o agronegócio brasileiro contabiliza perdas de R$ 14,7 bilhões, com 2,8 milhões de hectares de propriedades rurais atingidos pelo fogo. Após Mato Grosso, os estados mais prejudicados são Pará (R$ 2 bilhões) e Mato Grosso do Sul (R$ 1,4 bilhão).
A CNA baseou suas estimativas em mapeamentos de satélite realizados por instituições como o MapBiomas, o laboratório de geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A análise considerou fatores como perda de matéria orgânica, redução na produtividade, danos a cercas em áreas de pastagem e perda de nutrientes como potássio e fósforo nas camadas superficiais do solo.
A Confederação publicou um comunicado técnico com orientações para os produtores rurais lidarem com os incêndios. No documento, a entidade defende que os agricultores são "os maiores prejudicados", uma vez que os incêndios destroem áreas produtivas ou de conservação florestal, atingindo também benfeitorias, maquinários e rebanhos.
No texto, a CNA rebate as críticas direcionadas ao setor agropecuário, que há décadas é acusado de pressionar ecossistemas sensíveis em Mato Grosso, como o Cerrado. Reportagem do PNB Online divulgada em agosto deste ano mostrou que 38 milhões de hectares de vegetação nativa foram suprimidos entre 1985 e 2023 no estado, resultando em uma perda de 27% da cobertura vegetal original do Cerrado. No mesmo período, a área destinada à agropecuária passou de 28% para 47%.
A expansão descontrolada do agronegócio sobre áreas de alta biodiversidade também foi tema de uma carta publicada no último mês na revista científica BioScience, da Universidade de Oxford. No documento, pesquisadores pedem o fortalecimento da legislação ambiental no Cerrado e a criação de políticas agrícolas que limitem o avanço das atividades agropecuárias sobre esses territórios.
Recomendações aos produtores rurais
A nota técnica da CNA traz uma série de recomendações para os produtores prevenirem e lidarem com incêndios, divididas em três fases: antes, durante e após os eventos.
Antes dos incêndios, a orientação é reestabelecer aceiros nas propriedades, documentar o maquinário disponível e verificar as legislações locais sobre o uso controlado do fogo. Em caso de incêndio, a prioridade deve ser garantir a segurança de pessoas e animais, além de acionar o Corpo de Bombeiros e o órgão ambiental local.
Após os incêndios, a CNA recomenda contratar especialistas para avaliar os danos, reunir documentação detalhada e colaborar com as investigações conduzidas por órgãos públicos. A organização defende que os produtores devem registrar todos os incidentes, inclusive para evitar complicações jurídicas no futuro. A nota técnica na íntegra pode ser conferida neste link.