Obra de artista destaca participação da mulher na preservação da cultura indígena

Obra de artista destaca participação da mulher na preservação da cultura indígena (Foto: Arquivo Pessoal) Protagonismo na transmissão intergeracional de conhecimento.

Obra de artista destaca participação da mulher na preservação da cultura indígena (Foto: Arquivo Pessoal)

Protagonismo na transmissão intergeracional de conhecimento. É como Kaya Agari, artista do povo Kurâ-Bakairi do município de Paranatinga (375 km de Cuiabá), define a relevância do papel único da mulher na preservação da cultura dos povos originários. Com importante participação no ativismo indígena no estado de Mato Grosso, Kaya co-organiza atividades do Instituto Yukamaniru de Apoio às Mulheres Indígenas Kurâ-Bakairi, que busca incentivar o protagonismo e a inclusão social de mulheres.

(Foto: Arquivo Pessoal)

“Minha mãe foi minha grande inspiração”, compartilha Kaya, quando questionada sobre suas origens como artista visual. Para ela, há um compromisso intrínseco às mulheres indígenas em manter viva a herança de seus antepassados. “Cultura, sustentabilidade, tradição, ensinamentos aos filhos, contar a história dos nossos antepassados”, enumera.

Desde 2011, sua pesquisa visual se concentra principalmente nos grafismos e nas ramificações materiais e imateriais da cultura do povo Kurâ. Mais recentemente, passou a incorporar os traços na moda. No último ano, ela participou da terceira edição da Marcha das Mulheres Indígenas, realizada em Brasília e promovida pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), levando suas próprias peças de moda, costuradas por ela mesma.

"Levei para a marcha peças de roupas que eu cortei e costurei. Venho há muito tempo vendo minha mãe costurar e cortar. Não faço curso nem nada. É olhando, aprendendo, costurando. Vejo as molduras que a minha mãe deixa aqui em casa, vou copiando aquelas molduras e seguindo", explica Kaya sobre a evolução de seu trabalho. Ainda no último ano, a artista participou de um desfile de moda realizado pelo Museu de Etnologia e Arqueologia da Universidade Federal de Mato Grosso (Musear/UFMT).

(Foto: Reprodução)

Como explica Kaya, sua obra é um testemunho da rica herança cultural dos Kurâ, com elementos tradicionais cuidadosamente incorporados em suas criações. "A pintura Kurâ vem desde a nossa ancestralidade, com cada pintura carregando seus próprios significados, como cobras, aves, insetos e peixes", destaca sobre a profundidade simbólica por trás de cada traço.

Sobre o futuro, a artista espera que seu trabalho, e o significado que ele carrega, conquistem ainda mais espaço no Brasil e no mundo. "Eu quero realmente que esse trabalho esteja em todos os lugares do mundo, quero levar o nome do povo Kurâ-Bakairi para muitas pessoas. Moda também tem que ser ancestral e é esse espaço que quero ocupar".