Quem é Keir Starmer, novo primeiro-ministro do Reino Unido

O Partido Trabalhista, que venceu as eleições do Reino Unido nesta 6ª feira (4.

Foto: InfoMoney

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O Partido Trabalhista, que venceu as eleições do Reino Unido nesta 6ª feira (4.jul.2024) com 33,9% dos votos, apontou Keir Starmer como o novo-primeiro-ministro do país. Ele substituirá o conservador Rishi Sunak, que estava no cargo desde 2022.

Starmer, de 61 anos, será o 1° trabalhista a ocupar o cargo em 14 anos. O último governante do partido foi Gordon Brown, de 2007 a 2010.

O novo premiê representava os bairros londrinos de Holborn e Saint Pancras na Câmara dos Comuns desde 2015. Além disso, é advogado e foi Diretor do Ministério Público da Inglaterra e País de Gales, conquistando em 2014 o título de Cavaleiro Comandante da Ordem de Bath.

Depois da derrota dos trabalhistas nas eleições de 2019, Starmer assumiu a liderança de seu partido e da oposição ao governo conservador.

Queda dos conservadores

Para a cientista social Bárbara Cordeiro, a principal estratégia dos trabalhistas para vencer as eleições foi o uso de um discurso de união e confiança no partido, o que contrasta com a crises internas vividas pelos conservadores.

"Starmer busca reerguer o Partido Trabalhista promovendo uma imagem mais centrista e moderada, tentando reconquistar eleitores indecisos e unificar diferentes facções do partido", afirmou em entrevista ao Poder360.

O líder trabalhista defende políticas como o aumento de investimentos em serviços públicos, a abolição de mensalidades universitárias e a implementação de medidas mais severas contra a evasão fiscal por parte de grandes corporações. As propostas fortalecem o discurso de bem-estar social promovido pela legenda.

Cordeiro explica que a maior dificuldade de Sunak e dos conservadores foi a de superar desafios econômicos, como a lenta recuperação pós-pandemia e a alta inflação. Além disso, a constante troca de premiês durante o mandato foi um fator que enfraqueceu a confiança dos britânicos.

Governo à esquerda

Ao Poder360, o doutor Pedro Feliú, professor de relações internacionais na USP, afirma que a figura de Keir Starmer é conciliadora e centrista dentro do próprio partido.

O novo governo do Reino Unido promete ser menos drástico em relação ao mandato dos conservadores. O maior exemplo é a questão da imigração ilegal, que aflige muitos britânicos. Starmer não deixará a questão de lado, mas irá abordar o assunto de forma mais sutil.

Enquanto Sunak pretendia deportar todos os imigrantes em situação irregular para Ruanda, Starmer quer aumentar as forças policiais e investir na vigilância das fronteiras. "Ao propor essas medidas, os trabalhistas estão dialogando com o eleitorado indeciso", diz Feliú.

Brexit, UE & Otan

Apesar do partido Trabalhista ter se posicionado contra a saída do Reino Unido da União Europeia, Starmer recentemente se posicionou contra a volta do país ao bloco. Na última 4ª feira (3.jul), véspera do pleito, assegurou que, sob sua liderança, o país não buscará reingressar no grupo.

Mesmo com o estremecimento de relações com a União Europeia, os países britânicos permanecem firmes no compromisso com a Otan (Organização de Tratado Atlântico Norte). Os trabalhistas se comprometem a apoiar a Ucrânia frente à agressão russa, propondo medidas como a criação de um Tribunal Especial para o Crime de Agressão e a integração da Ucrânia à aliança.

Cordeiro entende que o governo trabalhista tentará se alinhar às nações com governos semelhantes. "O Reino Unido pode fortalecer alianças com países que compartilham visões progressistas, como a Alemanha e os países nórdicos, promovendo uma coalizão de nações com interesses comuns", afirma.

A vitória de centro-esquerda no Reino Unido vem na contramão da Europa, que recentemente ampliou o poder da direita no Parlamento Europeu e em alguns países, como na França.


Esta reportagem foi produzida pela estagiária de jornalismo Ana Sanches Mião sob supervisão do editor-assistente Ighor Nóbrega.